sexta-feira, 21 de abril de 2017

Iguais, mas tão diferentes...

Depois dum valente interregno, a renascida Avant Slot traz-nos alterações de grande monta. A aparente igualdade entre modelos da primeira série e os das novas séries, escondem a grande alteração e nova aposta que este fabricante nos traz.
 Abordemos a questão a partir do Alpine Renault A310 V6, cuja primeira versão nos trouxe um belíssimo Alpine com as cores da "Calbersson". De edição mais recente é o modelo com as côres da Regie, um modelo em que imperam o amarelo, preto e branco, numa conjugada solução cromática de estética bastante agradável também.
E para começar, desaparece a habitual embalagem, à imagem da Slot.It, em que existia uma envolvência em cartão. Também a base do mini-modelo foi substituída por uma muito ao jeito da Fly e onde a própria fixação destes às bases, se faz por parafuso plástico. Atrás do modelo, surge um rectangular cartão com a impressão do nome do fabricante e onde no verso consta a respectiva referência deste Alpine.

A imagem superior, mostra as originais caixas da Avant Slot.
Mas é mecânicamente que se fazem as alterações de verdadeiro relevo, já que se optou agora por uma nova solução mecânica. A opção de motorização angular desaparece, para se optar pela montagem do motor em linha.
 O novo chassis vem equipado com berço independente onde se monta motor em linha e perde-se o braço basculante do patilhão. A sua fixação deixou de ser de quatro pontos, para passar a ser de três, sendo de aperto único na traseira e duplo à frente. Para isso e uma vez que o aperto era e continua a ser feito na traseira directamente na bandeja porta pilotos, esta foi modificada, surgindo três pilares, o que permite ainda a opção do antigo chassis para estas novas carroçarias. O motor foi também alterado, desaparecendo os habituais motores pintados a rosa e surgindo um cuja caixa é envolvida por papel verde.
A qualidade do material do berço do motor é francamente fraca, onde a fixação do eixo traseiro se faz deficientemente.
Parece estar-mos francamente numa aposta uns valentes furos abaixo do que conhecíamos, o que é francamente desagradável. A perda do braço basculante vai-se fazer notar em pista. Quanto à posição inline do motor, não parece crítico, uma vez que existe sempre a possibilidade através de uma mudança de berço, optar-se por outra escolha.
Em cima, a alteração das bases entre as versões da primeira e segunda séries.

sábado, 15 de abril de 2017

Restauros...um trabalho para os amantes do coleccionismo...

Falemos um pouco de restauros.
O restauro surge pela necessidade do coleccionar conseguir posicionar aquele modelo para si especial, no mesmo patamar do modelo, tal como era quando no seu estado novo.
Trata-se na grande maioria das vezes, de uma tarefa complicada e quantas vezes, mesmo impossível.
Mas o coleccionador não descansa, podendo passar semanas, mêses e até anos, à espera daquela oportunidade que lhe proporcione essa esperada tarefa de reconstrução do seu modelo de eleição.
Existem hoje lojas capazes de nos proporcionar o acessório que será para nós, uma verdadeira preciosidade. E o êxtase acontece, sempre que finalmente a sua peça se vê completa,
Por vezes a tarefa torna-se tão complexa, que há necessidade de se se recorrer a modelos similares, com o intuito de se conseguir parte de uma carroçaria, um simples órgão como um pneu apenas ou simplesmente um cabo eléctrico, ou até uma mera palheta.
Casos há em que restauros aparentemente simples, poderão mostrar-se de difícil conclusão.
Abordemos o caso do Renault 5 Alpine do fabricante Scalextric por ser representativo de uma situação penosa e comum na Scalextric espanhola, em que, apesar de alguns cuidados de conservação, o tempo se encarregou de fazer das suas. Algo comum nos modelos deste fabricante em que a matéria prima das carroçarias é o butirato e que acabou por se vêr envolvido por uma camada de fungos de côr branca de de certo modo pegajoso. Além disso, a falta do retrovisor e das grelhas existentes nos pilares traseiros, levantam também alguma apreensão para um correcto restauro.
Felizmente para este modelo existem esses acessórios, o que permite algum descanso. Sabendo que para a remoção destes fungos há necessidade de se proceder um complicado processo de lavagem, pela certa os decalques que compõem a sua decoração e que se encontram em bom estado, perder-se-ão. Mas felizmente, também aqui nos encontramos mais ou menos safos, já que também existe no mercado, uma folha de decalques que permitirão socorrer esta situação.
Mas afinal, o modelo tem o número 24 e na folha, consta o 38.
Depois de analisada a situação, percebe-se que afinal existiram ambos os números, o que facilita a tarefa, Mas não se acabam aqui os problemas, já que a faixa do pára-brisas é no modelo original em autocolante e na folhinha vem em decalque. Com alguma sorte, talvez se consiga fazer o aproveitamento da faixa original, desprezando-se assim a que complementa a folha para o restauro.
Apreciadas ao pormenor ambas as faixas, percebe-se que o tipo de letra não corresponde também com exactidão, à original, o que aumenta a vontade de se fazer um aproveitamento da que se encontra no mini-modelo. Talvez com uma boa lavagem esta acabe por desempenhar de modo mais convincente, o seu papel.
O mesmo acaba por acontecer com a matrícula, o que obrigará a um esforço no sentido de aproveitamento das originais. Talvez aqui, com utilização de água e um pincel, muito lentamente e a começar numa ponta, se consiga ir descolando a mesmas para no final as reaproveitar. Esta operação deverá ser tida em consideração, porque a tarefa de remoção dos fungos, passa por uma primeira lavagem com água e sabão e sempre com a ajuda de uma escova não muito macia nem muito abrasiva, como é por exemplo o caso das escovas das máquinas de barbear e que normalmente até dispõem de dois tipos de escovas. Depois desta primeira fase em que se tentam retirar ao máximo os indesejados fungos, deve deixar-se secar para fazer realçar os fungos restantes, já que assim que sêca, retomam novamente a sua côr branca. Havendo necessidade, repete-se a tarefa. Por vezes, depois das carroçarias sêcas, com a ajuda da própria unha mas sempre com muito cuidado, conseguem-se retirar mais alguns vestígios. Depois, deverá ser mergulhado completamente em vinagre, num pequeno recipiente e durante pelo menos três dias. A passagem pelo vinagre, tem como finalidade a tentativa de que esta desgraça não nos venha novamente a apoquentar.
É claro que esta tarefa de limpeza dos fungos, terá nesta altura deteriorado completamente os decalques originais.
Para finalizar a sua limpeza, deveremos proceder novamente à sua lavagem com água e sabão. E agora sim, poderemos dar-nos ao trabalho de recolocar decalques. Aconselha-se a que antes de deitar-mos mãos-à-obra, tiremos fotografias de todos os ângulos, para depois nos podermos guiar na recolocação dos decalques.
Mas outros modelos há do mesmo fabricante, em que a decoração não passa por decalcomanias, mas sim por autocolantes. Mas também aqui e felizmente, vão surgindo algumas folhas que nos vão valendo.
 No caso deste Ferrari GTO, os seus autocolantes encontravam-se já demasiado deteriorados e com algumas pontas descoladas. Com o recurso a uma folha nova, foi possível o seu restauro na perfeição, já que o restante modelo se encontrava em perfeito estado.

 Aqui o mesmo GTO, já perfeitamente recuperado.

 O mesmo aconteceu com este Lotus 79, cujos autocolantes já não se encontravam nas melhores condições.

 Neste Ford RS 200, os seus autocolantes encontravam-se bastante degradados, bem como se registava também a falta do retrovisor direito. Também aqui existia a folha de autocolantes e a reprodução do retrovisor. E assim sendo, um trabalho de remoção dos autocolante originais, uma aprofundada lavagem e recolocação dos elementos novos e passamos a ter um modelo novo.

 Este Audi Quattro padecia do mesmo problema, mas com tarefa similar o resultado final acabaria por evidenciar um modelo magnífico.

 O recurso a uma folha de reprodução muito perfeita, permite-nos preencher o nosso ego.

 Um belo exemplar da Scalextric e que simboliza o primeiro modelo no mundo de fabrico industrial, dotado de tracção integral à escala 1/32.

 Nos casos como o deste Mc'Laren em que a totalidade do modelo se encontra nas melhores condições mas cujo número sujo lhe confere mau aspecto, que atitude deveremos tomar? Fica assim, ou trocamos-lhe o número? Este tipo de questões, assola muitas vezes os modelistas.
Existem também folhas que poderão colmatar esta lacuna, no entanto divergem as opiniões, prevalecendo no entanto aquela que privilegia o purismo, ou seja, será preferível mantê-lo um pouco mais feito, mas absolutamente virgem.

 Contudo, poderá ser uma solução para os casos como o deste Jaguar, em que simplesmente o número já não existia.
Até agora versamos simplesmente  a questão estética, mas poderá ser mais complexo o restauro, isto porque os problemas poderão ser também mecânicos.
Mas também aqui vamos tendo a ajuda de algumas reproduções que nos vão permitindo colmatar complexos problemas. Motores, patilhões, pneus, jantes, lá se vão encontrando para nosso contentamento. Por vezes, estas reproduções não são tão boas quanto desejaríamos, o que nos levanta alguns problemas extra, mas com alguma habilidade lá vamos conseguindo contornar os obstáculos e levar a água ao nosso moinho.
Este Peugeot 405 TT da Scalextric, padecia, para além de alguns problemas de autocolantes deteriorados, de graves problemas mecânicos, como a falta de amortecedores e um completamente degrado veio de transmissão, além também, da falta de cremalheira no eixo traseiro. Mas também aqui, tudo se arranjou.

 Em cima percebe-se o quanto rompidos se encontram ambos os pinhões do veio e assim sendo, havia mesmo que arranjar o conjunto novo, o que é possível dado encontrar-se este acessório, em comercialização, tal como demonstra a imagem inferior.
Quanto aos amortecedores, no mercado de Internet foi possível a aquisição de três deles. Mas assim persistia o problema, já que a falta do quarto amortecedor penalizava um completo restauro. Mas também aqui o mercado de reproduções complementa esta falha. Mas alerta-se para o facto de se ter constactado uma não correspondência absoluta deste órgão, entre original e a sua reprodução. Além da côr que surge num amarelo mais claro, o local de encaixe destes no orifício do chassis se encontrar mais alargado, o que complica de sobremaneira o seu encaixe.
 A imagem de cima permite-nos verificar a diferença de tonalidade entre ambos e na imagem inferior, percebe-se perfeitamente o quanto mais apertado se encontra o local de encaixe do amortecedor traseiro (esquerda na imagem) relativamente ao dianteiro.
Embora aqui não tenha sido o caso, será bom lembrar que em caso de necessidade de substituição das jantes, será aconselhável a substituição das quatro, já que o excesso de cromagem das jantes reproduzidas, chocariam quando em conjunto com as originais. Outro pormenor a que se deverá atentar, é ao facto da dificuldade da sua montagem nos eixos.
Em baixo percebe-se o diferença no brilho entre ambas as jantes.
Mas também existem algumas incongruências na reprodução da folha de autocolantes para este modelo, o que deverá ser levado em conta, no sentido de aproveitar ao máximo a original decoração.
 A folha de autocolantes mostrada na imagem de baixo, apresenta a palavra "Peugeot" na mesma côr da barra azul interior. Olhando-se para o carro, percebe-se que a marca deveria surgir num azul manifestamente mais cerregado.

 Também a faixa do pára-brisas se encontra substancialmente mal reproduzida.

 A folha permite no entanto aproveitar o Michelin e o seu símbolo, já que um falta e o outro não se encontra nas melhores condições.

 Na traseira, será possível substituir o autocolante amarelo do aileron, já que se encontra em mau estado mas havendo necessidade de se substituir a palavra Peugeot, já estaríamos desagradados com a situação, pois repete-se a questão da tonalidade azul da palavra.
Bom, um restauro dependerá sempre do nosso grau de exigência, do que privilegiamos manter como original e de tudo quanto se conseguir recolher para a desejada tarefa. Mas será sempre importante cada um de vós prestar a máxima atenção a cada um dos pormenores, antes de deitarem mãos-à-obra. E se fôr o caso, bom trabalho....mas atenção, nos modelos actuais a situação do restauro das carroçarias alterou-se substancialmente para pior, isto porque, se por um lado as pinturas que os decoram e e respectiva tampografia se tornam muito mais duráveis e favoráveis aos coleccionadores, riscando-se, não existe recuperação possível, a menos que se tratem de pormenores de grande insignificância....

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Relojoaria à escala 1/32

 A extraordinária linha da Policar destinada aos Formula 1 da década de 70. foi uma vez mais enriquecida com a chegada do esperado March 701. Trata-se de mais um exemplar que preenche as recordações sobretudo de quem nasceu nas décadas de 40/50, mas que não deixará indiferentes as mais novas gerações apaixonadas pela modalidade dos slot cars e da competição automóvel em geral.
Estar com uma destas criações na mão, é como possuir entre os dedos uma das mais preciosas peças anelares.
Se o Lotus 72 nas suas três versões até nós já chegadas nos maravilhou, este March 701, dotado de uma linha algo estranha, acaba por nos maravilhar mais ainda. Os detalhados pormenores de alto nível, complementados com elementos cromados e jantes muito bem reproduzidas, maravilham-nos de imediato.
E reconhecendo que dinâmicamente se tratam de modelos concebidos ao mais alto nível, só poderemos estar gratos à Policar por nos proporcionar estas belíssimas obras-de-arte rolantes, que nos proporcionarão dentro em breve, campeonatos que prometem pela certa, competições de altíssimo nível.
Mas dissequemos agora um pouco, esta nova criação.
O seu rival é para já o Lotus 72, modelo já utilizado em competição experimental e que terá deixado indicações prometedoras, onde o seu poder de velocidade e travagem, aliados ao bom desempenho dinâmico, todos acabaria por surpreender.
Mas vejamos agora em pormenor, as particularidades desta nova máquina.

 Para se chegar ao miolo deste March, teremos que desapertar um parafuso convencional na frente do modelo, e depois, três minúsculo parafusos quase de relojoaria, dois deles situados lateralmente e um terceiro na extremidade traseira. Necessita para o efeito, de uma chave apropriada. E se a zona frontal se liberta de imediato, a secção traseira necessita de alguns cuidados. É que a simulação dos escapes, que se encontra dividida em duas secções, acaba por dificultar a tarefa de desmontagem. A secção mais recuada solta-se quase de imediato, mas a que se encontra acoplada à simulação do motor deste F1 da década de 70, complica a tarefa. De um dos lados, o escape é ligeiramente maior e obriga a alguma habilidade para que se consiga que o mesmo ultrapasse a passagem pelo eixo das rodas. Mas com algum cuidado, lá se consegue o nosso propósito, mas atenção, pior será mesmo a operação contrária, pois na hora de o fechar, a tarefa inversa piora um pouco. Não esquecer que o complemento independente dos escapes, terá também que encaixar as suas extremidades, na parte dos escapes agarrados à carroçaria.


 A parte da cremalheira foi já várias vezes aqui abordada, razão pela qual este revolucionário sistema não merece já uma abordagem específica.
 A imagem de cima mostra a extremidade mais recuada dos escapes como uma peça independente e em baixo, poderemos vêr os colectores de escape e as suas extremidades, onde o acessório da imagem de cima deverá encaixar.
Abordemos agora comparativamente, os pêsos de cada um dos modelos até nós já chegados. Curiosamente, em nenhum deles o pêso se repete, tendo-se mostrado como o mais leve de todos, o da edição inaugural. O novo March situa-se 0,3gr mais pesado do que o Lotus 72 da segunda versão, mas 0,6gr mais leve que a versão da "John Player Special".


 Mas não sendo significativas estas diferenças, parece-nos que ficará marcado pelas restantes questões, a diferença dinâmica entre March e Lotus.

 Vistos por baixo, o novo March realça de imediato um chassis recto e que inviabiliza a montagem de suspensões laterais, o que não acontece no Lotus. Implica igualmente, que entre eles o berço do motor não poderá ser repartido, ou melhor, o do March adapta-se ao Lotus, mas o inverso já não é possível, a não ser que se excluam definitivamente as argolas excedentárias.

Nesta imagem do chassis do Lotus, percebe-se a existência das orelhas laterais que permitirão a montagem de suspensões nesse local.
 A distância entre eixos, passou no March 701 a ser mais curta, embora se tivesse mantido absolutamente inalterada a medida que vai do eixo frontal atá à extremidade mais avançada do patilhão. Porventura, traduzir-se-à num melhor desempenho em curvas tipo gancho mas um menor à vontade nas curvas de rapidez extrema.

 De traseiras similares, poderá implicar alguma disparidade dinâmica, a frente mais alongada e elevada do March. Poderá existir por essa razão algum maior desequilibro, já que poderá causar alguma descompensação.

 A imagem inferior mostra perfeitamente a diferença na distância entre eixos, entre ambos.
Mas o mais importante, é que decididamente nos encontramos no bom caminha e que o regresso da Formula 1 aos slot car, passou a ser uma certeza.