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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Êxtase e um pouco de história do TT da Scalextric/SCX

A modalidade TT no seio dos slot cars, é uma das mais recentes vertentes destes brinquedos. E o seu desenvolvimento, deveu-se sobretudo às apostas do fabricante espanhol Scalextric/SCX. Traduz-se isto numa já longa história de desenvolvimento que teve início nos anos 80, mais precisamente em 1985, quando a Exin surpreendeu o mundo com a criação da sua série STS (Super Traction System). Tratavam-se de pequenos modelos à escala 1/43, capazes de extraordinárias proezas no campítulo dos "fora de estrada", já que um avançado braço dotado na sua extremidade de um patilhão basculante também na horizontal, o que permitia a estes pequenotes, abordar o ataque a obstáculos em ângulos inclinados horizontalmente, ao mesmo tempo que o seu braço basculante lhes permitia igualmente a abordagem em grandes ângulos verticais.
 A sua brutal força provinha de um pequeno motor aberto, posicionado obliquamente relativamente ao seu eixo longitudinal destes mini-modelos e onde no local de um pinhão surgia um sem-fim, mas agora tanto para o eixo anterior como para o eixo posterior.
Contudo, a falta de velocidade a que o sistema desenvolvido permitia aliado a uma desagradável escala, acabaria paulatinamente por ir refreando o contentamento dos aficionados.
 Além disso, as pistas específicas para esta modalidade e que eram compostas por vários elementos que constituíam obstáculos e dificuldades acrescidas que permitiam o deleite destes novos brinquedos, mostraram-se também de grande fragilidade, o que acabaria por penalizar esta nova aposta da Scalextric/SCX.
 Mas foram várias as pistas e os modelos que este fabricante acabaria por editar, o que bem demonstra o enorme interesse e a enorme aposta feita na modalidade pela Scalextric/SCX, embora de vida encurtada pelos aspectos já aqui anunciados.
Mas renasceria em 1991 o espírito dos TT por parte deste fabricante, quando apresentou novos conceitos e agora à escala 1/32, ou seja, a uma escala mais apetecida e apreciada pelos amantes do slot car. Novas pistas surgiam a par de novos modelos e um novo conceito genialmente desenvolvido.
 A motorização passaria a ser convencional e os carros surgiam agora dotados de suspensão, algo absolutamente inédito e surpreendentemente inovador.
 Rampas e obstáculos eram matéria que permitia aquilatar as verdadeiras capacidades trialistas destes novos Todo Terreno. E agora sim, começavam a permitir aos apaixonados, usufruir das deliciosas capacidades motrizes de que as novas máquinas eram capazes.

Inicialmente surgia o Nissan Patrol, do qual se conheceram três decorações, todas elas ainda hoje verdadeiramente apreciadas pelos entusiastas deste fabricante e desta especialidade em concreto.

Mas a verdadeira revolução encontrava-se no conceito mecânico agora desenvolvido. Embora complexo, é verdadeiramente eficaz e robusto. Todo o sistema implica a adopção de um chassis e um sub-chassis, onde neste último se montam a totalidade dos componentes mecânicos, cabendo aos amortecedores a conexão entre chassis e sub-chassis.
Uma vez que o motor transmite a sua potência apenas ao eixo traseiro, existe para essa transmissão um pinhão duplo montado num veio que por sua vez transmite essa mesma rotação ao eixo anterior. O pinhão do motor, ataca o pinhão duplo na engrenagem de maior diâmetro, sendo a tracção à cremalheira posterior feita pelo pinhão de menor diâmetro.
O veio, comprido e dotado de pinhões em ambas as extremidades, fixa-se ao sub-chassis através de dois bronzes esféricos.
Veio, motor e eixos fazem parte deste conjunto, que posteriormente se encaixará no chassis própriamente dito e onde, através de rasgos verticais localizados no chassis, os pequenos pinos do sub-chassis permitirão o jogo vertical do conjunto, ajudado pelos amortecedores que se fixarão superiormente no chassis e inferiormente, nos bronzes (em plástico neste caso) existentes nos próprios eixos e aí colocados para esse efeito específico.
 O seu enorme braço basculante localizado também na parte inferior do sub-chassis, é uma das verdadeiras mais-valias deste projecto. Na sua extremidade, fica um patilhão também específico para este tipo de modelos.
  O chassis é um elemento aparentemente básico, mas sem o qual este projecto não teria sido tão genial.
Sub-chassis e chassis montados no respectivo lugar, recebem depois a ajuda dos fundamentais amortecedores, tanto para que o conjunto se torne numa peça só, mas também como forma de optimização dinâmica.
Depois, é apenas uma questão de apertar um parafuso para juntar o conjunto mecânico a uma carroçaria e ter entre nós um dos mais extraordinários modelos. Chassis e carroçaria ficam assim solidários, ficando o sub-chassis a trabalhar sob o efeito dos amortecedores. Este conceito, permite o extraordinário feito de possuir um modelo com suspensões, mas manter também um ataque pinhão cremalheira na perfeição, ao mesmo tempo que não existe qualquer tipo de desperdício de potência do motor às quatro rodas. De facto, absolutamente notável.

O Peugeot 405 acabaria por constituir o senhor que se seguiu, sendo também dos modelos deste fabricante com bastante aceitação de entre os aficionados da modalidade.
O fim de linha desta segunda série haveria de acontecer com a edição dos Buggy's, onde todo o conceito se manteria, mas que recebia rodas de maior diâmetro, bem como pneus de maior largura no eixo posterior.
Uma tremenda crise económica deixava em 1992 a Scalextric/Exin às portas da morte e era decretada a falência da empresa e com ela, perdia-se o modelo que se encontrava na forja, o Mitsubishi Pajero,
 do qual se conheceram alguns exemplares, apesar de não ter chegado a ser comercializado.
Mas o renascimento deste fabricante uns bons anos mais tarde, acabaria por nos permitir usufruir dessa bela máquina, mas apenas nas edições "Vintage" da Scalextric. O fabricante fez questão de o reproduzir, tal e qual como se encontrava na época projectado. Implicou isso, edita-lo na sua primitiva matéria prima, ou seja, a sua carroçaria acabaria por ser produzida em butirato e não no já utilizado e mais corrente, plástico. Uma bela notícia para os fundamentalistas da marca. Mas a manutenção deste modelo no seu mais puro estado, implica por essa razão, que sejam mantidos o mais possível em ambientes ausentes de luz, já que esta implica o amarelecimento desta carroçaria.
Mas um modelo que se encontrava apenas no imaginário dos aficionados pelo projecto que se sabia ter estado na forja, tornar-se-ia assim para alguns uma realidade, graças às séries "Vintage".
Apesar dos desaires causados pela conjuntura económica internacional, a Scalextric/SCX acabaria por nos premiar com a terceira série de modelos TT. Tratam-se agora de reproduções melhor concebidas e apoiadas no mesmo anterior conceito aplicado nos seus antecessores. Contudo, existem significativas diferenças entre eles.
Os modelos agora chegados não passaram igualmente de três, tendo as opções recaído no Volkswagen Touareg, no Mitsubishi Pajero e mais tarde, no Hummer H3.

Algumas reproduções em resina nasceram, servindo-se-se destas mesmas mecânicas para nos fazer chegar alguns belos exemplares, como este Touareg reproduzido por "mestre" Espallargas.
A amplitude da abertura do braço do patilhão manteve-se sensivelmente a mesma, contudo, estando agora sempre ao mesmo nível, ao invés da anterior edição, que já mais perto do patilhão, baixava ligeiramente.
Mas afinal, quais foram então as diferenças entre segunda e terceira séries?
No meu ponto de vista, as diferenças possíveis de determinar, passaram a representar um retrocesso e consequente perda de dinamismo.
Passemos então agora a analisar cada um dos detalhes, determinantes para que o desempenho duns e doutros, se manifeste no cronómetro e dinâmica do modelo.
As novas criações passaram a ter uma distância entre eixos maior, ao mesmo tempo que surgem carroçarias mais largas, permitindo que as rodas passem agora a estar integradas dentro da área da carroçaria, ao invés do Nissan Patrol e Peugeot 405, onde as rodas sobressaíam significativamente. Este aspecto parece bastante positivo, pois posiciona cada um dos modelos no patamar de optimização da sua reprodução.
Ao estilo do que se optou pela generalidade dos actuais fabricantes, também estes agora passaram a incluir íman no chassis, algo perfeitamente dispensável. Também a inclusão de luzes, passou a ser uma realidade.


Mas sobressai num olhar mais atento à parte inferior de cada um dos sub-chassis, o desaparecimento do veio central nos novos Scalextric/SCX.
Atentemos e analisemos então, à alteração agora introduzida. Num olhar à mecânica de cada um deles pela parte superior dos mesmos, percebemos que estes novos TT surgem dotados de um motor cujo prolongamento do veio do motor, acontece para a secção frontal e até à zona da cremalheira anterior. Por outro lado, parece até que aconteceu o desaparecimento dos amortecedores, mas tal como veremos, isso não aconteceu.


Percebe-se, analisando estas duas imagens, que os amortecedores, ainda que também diferentes, na primeira série se encontravam posicionados em ângulo e na segunda, verticalmente

Nestas duas imagens, percebe-se ainda melhor, o posicionamento dos amortecedores em cada um dos casos.

Comparativamente, velhos e novos amortecedores, torna-se visível o quanto díspar passou a ser cada uma das concepções. Maior curso nos primeiros e também flexibilidades das molas distintas, marcam estas duas gerações.


Outra das grandes marcas distintivas, tem que vêr com a forma como se transmite agora a potência ao eixo anterior. O conceito manteve-se absolutamente inalterado, embora a forma como agora se faça, tenha passado por uma nova solução. A supressão do veio que percorria o sub-chassis, deu lugar a dois pequenos veios plásticos, um na traseira e outro na frente. Nas suas extremidades, encaixam os pinhões duplos, agora iguais tanto à frente como atrás. O motor, numa posição mais elevada, faz agora o ataque aos pinhões de maior diâmetro, competindo aos de dimensão mais reduzida, o ataque às cremalheiras. A possível desvantagem que aqui poderá ocorrer, tem que vêr com o possível desgaste do veio plástico onde passam a girar os pinhões duplos. Contudo, apesar do intenso uso que tenho dado a um destes exemplares, não deu ainda para perceber a saturação desse espigão, o que poderá querer dizer, encontrar-se o material bem dimensionado. A possível vantagem, prende-se com a certeza de que este pinhão não se deslocará nunca. No caso do veio na série anterior, existe a possibilidade de um dia, este poder, por fadiga do encaixe do veio, vir a soltar-se.


É possível nestas duas imagens, ver-se o espigão onde o pinhão frontal encaixa.
Em conclusão, se a alteração das dimensões gerais não nos parecem merecedoras de perda dinâmica, onde pelo contrário poderá mesmo representar um possível ganho, a adopção destes novos amortecedores e a posição pela qual se optou para os mesmos, representam pela certa, ineficácia. O menor curso dos mesmos e a sua verticalidade, implicam igualmente uma penalização, sobretudo no ataque aos obstáculos mais agressivos, pela real redução de capacidade de absorção do impacto.
Ainda um reparo relativamente ao patilhão. Embora iguais à primeira vista, a última criação poermite que se montem as palhetas à moda da última geração deste fabricante, ou seja, de forma a ficarem duplas. Anteriormente, a ranhura da entrada das palhetas não se prolongava até à parte inferior dos mesmos, o que obrigava a que estas fossem montadas a saír para cima, dando a volta pela frfente até passarem para baixo.
Infelizmente encontramo-nos actualmente num novo impasse, pois este fabricante parou com a edição deste tipo de modelos. Esperemos que esteja para breve a chegada de novos TT's e com novas apostas. Que não se perca este conceito, talvez seja importante, mas que se opte pelo conjunto das melhores soluções, ou, ou então, que tenham a capacidade de revolucionar novamente esta matéria dos TT's.
A última reprodução de uma desta máquinas aconteceu com o Volkswagen Tourareg do "Club Scalextric". No entanto, alguns pormenores mostraram-se menos agradáveis, como é o caso do braço do patilhão construído num plástico mais flexível, à semelhança do que acontecia já no Hummer H3 e também umas molas de suspensão de maior rigidez.
Esperemos que o próximo, nos ofusque completamente....

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