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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Os carochas da Pink-Kar

 A Pink-Kar é mais um dos fabricantes que infelizmente desapareceram, engrossando a já longa lista de fabricantes que tombaram perante a enorme concorrência, mas também fruto de uma severa austeridades que tem vindo a roubar as possibilidades financeiras dos apaixonados pela modalidade.
 O Volkswagen carocha foi um dos modelos que fez parte de uma interessante lista de modelos que chegaram a abraçar. E entre algumas das edições especiais a que devotaram a sua produção, está o modelo comemorativo do exemplar número 1 milhão, que mereceu da parte da Volkswagen a sua edição em dourado e um interior em côr de rosa, para além de mais alguns pormenores que o caracterizaram. A Pink-Kar acabaria por nos oferecer a réplica desse exemplar, que acabaria por ser editado numa embalagem apropriada.
 Os pisa-pés característicos destes modelos, neste caso eram em branco, ao invés da habitual côr preta. O mini-modelo não falhou nesse pormenor que pode aqui ser observado. A sua edição foi limitada a 1500 unidades.

O Herbie saiu do cinema, para chegar também aos slot car. A Pink-kar reproduzi-lo-ia, mas ao invés do famoso número 53, foi editado com o 58. Mas para os puristas, o modelo faz-se acompanhar nesta versão, de uma folha de decalques para que se possa fazer a devida correcção.

 Existe no entanto um erro imperdoável. Este famoso "actor" já pertencia à série de modelos de óculo traseiro de formato rectangular e aqui, recorreu-se à anterior versão em que este era de formato oval.

A versão mais convencional também nos chegou e numa côr que caracterizou os carochas em início de vida, a muito comum côr preta.
 E por corresponder à linhagem da sua primeira existência, um dos pormenores que o caracteriza é o óculo traseiro ser dividido em dois, ou "split Windows" o termo inglês que caracteriza estes modelos. Uma folha com matriculas de várias origens, faz parte deste modelo.

 Mais complicada foi a chegada deste cabriolet por arrastar consigo significados menos nobres. Claramente identificado com a repugnante politica nazi, a Pink-Kar terá tido o cuidado de recorrer à deformação do original símbolo sem que lhe retirasse o significado histórico e que  representou a Alemanha da Segunda Guerra Mundial. Editou então esta versão que quer queiramos quer não, não deixa de ter marcado um dos mais históricos momentos da humanidade, representando ao mesmo tempo parte do seu incontornável trajecto, representando um dos maiores símbolos da indústria automóvel mundial. Portanto, a meu vêr, apesar do simbolismo negativo que lhe possamos devotar, parece-me até fundamental a sua existência, por estar em causa o automóvel e não todo o simbolismo político que possa ter estado por trás de si.

 Em contraponto, surgiria também o carocha associado à "paz e amor". Sim, os Hippies serviram-se em massa deste polivalente modelo que serviu de "pau para toda a colher".
 Os símbolos de "Peace and Love" estão espalhados por toda a carroçaria que se encontra decorada com côres vivas, próprias daquelas comunidades que proliferaram sobretudo pelas terras de América do Norte.

 Mais uma vez se recorreria à carroçaria de óculo oval
 Com uma jante de cada côr, tudo confere com o espírito de liberdade que emanava dos fomentadores do amor livre.
Mais um ciclo de sequências se fechou com o desaparecimento deste fabricante, mas ficou uma magnífica obra que com os seus modelos se eterniza. 

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Ford 3L P68 - NSR

O Ford 3L P68 não terá  conseguido nunca mostrar-se como um modelo dominador, mas mostrou potencialidades para isso. A NSR editou, entre réplicas de modelos que existiram e outros com decorações meramente inventadas, uma infinidade de versões baseadas nesta silhueta, que é para mim, um dos sport protótipos detentores duma carroçaria de linhas mais fluída de sempre e arrastando por isso uma ímpar beleza. A versão aqui mostrada com o número 7, foi tripulada nos 1000 Km de Nurburgring em 1968, pela dupla Jo Gardner / Richard Attwood, não conseguindo acabar a prova por problemas de travões, depois de ter largado do quinto lugar da grelha. 



 Esta bonita versão a verde e dourado nunca existiu e constitui uma série especial de edição limitada, feita para Inglaterra. A decoração é baseada na dos Ford oficiais pertencentes à equipa oficial inscrita pela Alan Mann Racing Lda.

 Igual resultado obteria a dupla constituída pelos pilotos Frank Gardner/Hubert Hahne nos 1000 Km de Spa do mesmo ano, após problemas eléctricos, mas depois de terem obtido a primeira posição com um tempo 4 segundos mais rápido do que o segundo classificado, Jackie Ickx/Brian Redman num Ford Gt 40 e que viria a sagrar-se vencedora dessa edição da prova belga.
Estava provado o potencial desta máquina inglesa, mas faltou a necessária fiabilidade.

 Foi também editada uma versão limitada e inventada sob as sempre bonitas côres da Gulf e o resultado não é desmerecedor do modelo escolhido.

Mas o mais curioso exemplar desta série, foi o P68 equipado com um aerofólio posicionado num plano bastante elevado que participaria no ano seguinte, em 1969, nas BOAC 500 em Brands Hatch.
 E uma vez mais esta equipa não levaria o resultado a bom porto, registando a dupla Deni Hulme/Jo Gardner mais uma desistência, enquanto o segundo Ford nem conseguia passar no período de qualificação.
Mas a miniatura regista alguns defeitos relativamente à réplica que tenta reproduzir. Existem à frente duas tomadas de ar redondas, posicionadas entre a boca central e os pequenos faróis redondos existentes ao mesmo nível. No mini-modelo, estas tomadas de ar não foram contempladas, assim como não surge também o logótipo da Ford situado entre a grande tomada de ar frontal e o número.
 Deveriam também existir duas pequenas derivas verticais na extremidade traseira, a unir a parte do capô/motor à pequena placa/deriva traseira existente quase na posição vertical. Essas não foram também acrescentadas neste mini-modelo. Também na secção lateral, reparamos no incorrecto posicionamento do símbolo da "Castrol" que deveria encontrar-se mesmo por cima do símbolo da "Autolite"
O característico retrovisor que existe em todos os modelos P68, nesta versão desapareceu da capota, mas a NSR acabaria erradamente por mantê-lo, conforme os anteriores modelos.
Depois de enumerados os defeitos, deverei acrescentar que ainda assim, pela existência do enorme aileron, já vale a sua existência e mais ainda, quando a NSR teve a preocupação de também o editar em edição limitada.


Mas ainda no ano de 1969, o modelo P68 acabaria por dar lugar ao mais arrojado projecto do Ford P69, um modelo de linhas mais surpreendentes ainda. Passou a descapotado e dotado de mais compromissos aerodinâmicos.

Mas este projecto acabaria por ser derrotado pela revisão dos regulamentos e este modelo acabaria por morrer precocemente.

 Uma tremenda obra de engenharia apoiada num fantástico trabalho aerodinâmico, que teria ido um pouco mais além do projecto, mas que terá resultado no que terá sido um autêntico nado morto.
 


Mas graças à NSR, podemos hoje desfrutar no mundo dos slot car de um dos mais belos protótipos até hoje projectados e capaz de um comportamento dinâmico superior, mas que padece hoje de melhores qualidades dinâmicas, face ao surgimento de projectos mais desenvolvidos.

Bater na ceguinha

 Se a Slot.It é uma marca que assumiu um esplendoroso êxito com as suas produções de modelos da categoria Grupo C, apostas tem feito que parecem não ter atingido as expectativas para que tudo poderia apontar.
A categoria dos DTM (Slot.It) e dos Formula 1 clássicos (Policar) em que se aventurou, a par da mais estranha categoria dos LMP (também Slot.It), não terão resultado no despertar do mesmo interesse por entre os adeptos praticantes da modalidade.
Segundo parece, o desinteresse advém da menor velocidade de que os modelos de cada uma destas categorias se encontra dotado. Se os modelos do DTM, uma categoria recheada já de belíssimos modelos, poderá com facilidade vêr melhorado esse "problema", pois admitem motores do mesmo formato mas mais potentes, ou pela substituição do próprio berço e da adopção de motores de caixa grande mais potentes ainda, nos Formula 1, parece um problema insolúvel. Isto porque, a opção assumida pela Policar de os dotar de "micro-motores" complica essa situação. Não havendo aqui alternativas, será obrigatória a manutenção dos motores de série, com todas as suas limitações. Mas temos ainda o paradigma dos LMP. Neste caso mais estranha a situação nos parece, pela proximidade de características que reúnem com os modelos de Grupo C. Ora bem, neste caso, estes modelos encontram-se impossibilitados de incorporar motores em posição anglewinder, muito por culpa das formas das carroçarias dos protótipos actuais. Se a isto se somar a tremenda concorrência gerada por modelos de variadíssima origem e dos regulamentos que permitem a adopção de chassis oriundos de variados fabricos, acabamos por perceber o porquê da maioria das criações da Slot.It se vêr relegada  quase em exclusividade para as colecções, em detrimento da competição.
Para mim, nenhuma das opções originais do fabricante compromete o interesse de cada um e tive já oportunidade de participar em campeonatos com exemplares de cada uma das categorias e em nenhum dos casos terão gorado as "minhas" expectativas. Se as rectas forem excessivamente grandes, poderá notar-se algum défice nesse particular, tanto nos DTM como nos F1, mas sendo um factor de igualdade entre todos, não me parece que seja um problema. E por experiência, tanto os DTM como os Formula 1 considerei-os uma delícia. É certo que os DTM se encontravam melhorados pela opção extra da montagem de suspensões, assim como os LMP, mas os F1 eram modelos totalmente de série, mostrando-se igualmente duma surpreendente agradabilidade. Notava-se alguma diferença entre os Lotus 72 e os March 701, mas a Policar teve o cuidado de rectificar uma cota que poderia ser determinante.
 Lançado o terceiro exemplar dos March, aproveitaria a Policar para aumentar a distância entre o eixo traseiro e o patilhão, tornando-a igual à do antecessor Lotus 72.
Em baixo, percebe-se o avanço conseguido entre as duas primeiras versões e as duas últimas criações do 701.

 Passaram assim, com o desaparecimento dessa diferença, a estar no mesmo patamar de igualdade ao nível de cotas, fazendo-se apenas e exclusivamente a diferença entre os dois modelos, pelas diferenças acontecidas pelas formas das duas carroçarias e respectiva distribuição de pesos.
 Estão então criadas condições para as diferenças existentes entre os dois modelos se esbaterem. Não se percebe o tremendo desinteresse e até repulsa que se tem vivido e sentido relativamente a estas preciosidades. Já com um panorama disponível de diversas versões e decorações de entre os Lotus e os March, ao que dentro em breve se acrescerá a chegada do Ferrari B2, é expectante que se encontre para breve o virar da página relativamente a estes preciosos clássicos.
O mesmo se tem constactado com os deliciosos DTM, que contando já com uma vasta gama de modelos Alfa Romeo e Opel Calibra, ao que se juntaram já duas novas versões do interessantíssimo Mercedes 190E, por birra ou teimosia, continuam amorfos em termos de competição. O que faltará a estas pérolas, para que se tornem vivos no despertar da importante adrenalina que assola os praticantes?
Difícil de perceber, pois potencialmente, reúnem todos os argumentos válidos para preencher a fórmula do êxito.
 A linhagem dos Alfa Romeo 155 encontra-se enriquecidíssima com carroçarias substancialmente modificadas e onde existem até algumas cuja largura das vias passou a ser maior, potenciando assim e naturalmente, a estabilidade em curva. Além disso, também os chassis acabaram por ser alvo de evoluções, pelo que se encontra a opção de escolha dentro deste modelo, bastante alargada.
Com os Opel, as evoluções serão pormenor de pouca monta, pois passam por alterações de carroçaria que em nada alterarão a mecânica do seu comportamento. No entanto, os Calibra mostraram-se capazes de interessantíssimo desempenho, pelo que serão máquinas com que se poderá sempre contar para a disputa pelas primeiras posições.
E agora, a chegada dos Mercedes arrasta consigo a incógnita quanto à sua mais valia. Mas dotado de uma carroçaria larga, parece encontrar-se dotado de cotas prometedoras e válidas para se encontrar inserido no lote dos melhores.
Parece pois encontrar-mo-nos perante mais uma situação similar à dos F1 clássicos da Policar, onde detêm todos os argumentos para se transformarem numa formula válida, mas acabam por se ver encostados, fruto de um desinteresse inexplicavelmente generalizado.
Alguns Lola editados pela Slot.It e votados ao desinteresse, proporcionado por regulamentos que os tornam desinteressantes.



 Também o bonito Lola Aston Martin e alguns modelos Do Audi R18 viram já chegar algumas reproduções à categoria dos modelos LMP.

Afinal, o que será necessário este fabricante fazer, para despertar definitivamente a motivação dos seus clientes praticantes? Da minha parte, irei continuar a "bater na ceguinha".