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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Terceira prova Grupo C - Guimarães Slot Clube

Decorreu no Circuito Vitor Costa, uma das pistas permanentes do Guimarães Slot Clube, a terceira prova de velocidade do campeonato destinado aos modelos de Grupo C. As ausências de Carlos Afonso, Miguel Sousa, Domingos Vinagreiro e Albano Fernandes continuaram a fazer-se sentir, ao que se somou também a ausência de João Seia.
 A ordem de alinhamento na pista fez-se de acordo com o resultado que cada piloto ocupa no campeonato, pelo que Marco Silva partia para a prova e de seguida iniciava o período de alinhamento nas calhas virtuais. E dependendo do seu inicial desempenho,poderia ficar uma expectativa demasiado elevada, dado ser um dos protagonistas maiores até ao momento.
 Mas iniciada a contenda, a surpresa acabaria por ser protagonizada por José Pedro Vieira, um piloto que tem também deixado sucessivas marcas neste campeonato. Desta vez impunha-se à totalidade da concorrência e assumia o comando, com mais uma volta do que a restante concorrência, que registava 22 voltas desde o segundo até ao quinto lugares, com Damião Castro a encabeçar esta lista de perseguidores. Frasco Leite era o terceiro classificado e o comandante do campeonato, Rui Mota, não conseguia ir além do quarto posto, logo seguido de Filipe Carreiro. Marco Silva é que ficaria um pouco pior, registando 21 voltas e não conseguindo ir além da sexta posição, seguido de Ricardo Moura com o mesmo número de voltas e a fechar a tabela, Miguel Antunes que não conseguia ultrapassar as 20 voltas.


 Na segunda manga José Pedro Vieira consegue novo registo de excelência, mantendo o lugar de liderança, mas Rui Mota começa a imprimir andamento que já lhe é conhecido e assume o segundo lugar, relegando Damião Castro para a terceira posição e Frasco Leite para o quarto lugar. Ricardo Moura também com excelente desempenho, galga de uma vez só duas posições, subindo para quinto, obrigando Filipe Carreiroe Marco Silva a afundarem-se na classificação. Miguel Antunes mantém o seu registo abaixo do que já lhe vimos, o mesmo acontecendo a António Lafuente, que não consegue cumprir na sua entrada, mais de vinte voltas.


Embora passando para a calha virtual, a terceira manga continua a deixar José Pedro Vieira no comando, numa demonstração do elevado ritmo que imprimiu anteriormente. Rui Mota, apesar do seu constante ataque à liderança, sente-se impotente par destronar o outro bracarense do comando da prova. Damião Castro também mantém a posição anteriormente conseguida, mas é Ricardo Moura quem mais leva vantagem, acabando por subir mais uma posição, por troca com Frasco Leite, que se vê sucessivamente batido pelos seus mais directos adversários. O andamento imposto por Filipe Carreiro não lhe permite manter a posição à frente de Marco Silva e regista-se troca de posições entre eles. Miguel Antunes é nesta altura oitavo classificado, à frente de António Lafuente e do entrado André Ferreira que fecha a classificação no décimo lugar.

A quarta manga permite assistir-se ao ataque de Frasco Leite e a sua subia ao terceiro lugar, o que o levou a uma ascensão de dois lugares duma assentada só, ultrapassando Ricardo Moura que apesar de tudo mantinha o quarto lugar, uma vez que também ele acabava por ultrapassar Damião Castro. De oitavo para sexto, tivemos Miguel Antunes, também ele num poderoso esforço de recuperação  perante a concorrência. Daí para baixo tudo na mesma, mas a entrada de Fernando Coelho permite a confirmação de que não há uma prova que corra de feição de princípio a fim com este concorrente, uma vez mais vítima das tramóias do punho.. Quanto aos dois primeiros lugares, esses continuavam pertença de José Pedro Vieira e Rui Mota.



A quinta manga demonstrava que era Frasco Leite que mais garra mostrava, imprimindo um andamento digno de ser observado. Apesar disso, , uma volta a menos do que Rui Mota, levavam-no a manter o terceiro lugar. Abaixo destes, as posições relativas mantinham-se até ao sexto lugar de Miguel Antunes, sendo agora o sétimo lugar ocupado por Filipe Carreiro que troca de posição com Marco Silva. E estava visto que para este último piloto a prova já estava estragada, com a impossibilidade de repetir o segundo lugar final, tal como acontecera nas duas provas anteriores. A entrada de Filipe Vinagreiro, deixa-o no nono lugar, umas posições abaixo do expectável para este piloto. E abaixo de si tudo na mesma, com Fernando Coelho a não conseguir fugir à cauda da classificação, após mais um desastroso início.

A sexta manga veio demonstrar que Rui Mota pretendia manter o ataque a José Pedro Vieira, mas apesar do excelente ritmo imposto, ainda não conseguia destronar aquele piloto, do comando da prova. Enquanto isso, Frasco Leite que se encontrava nas calhas virtuais, mantinha também a terceira posição. Mas é Filipe Vinagreira quem aproveita a manga para desferir um ataque aos lugares da frente, chegando à quinta posição, deixando para trás de si Damião Castro e Miguel Antunes. Miguel Guerreiro, o piloto acabado de entrar, ao estabelecer a marca das vinte e duas voltas não vai além do oitavo lugar, o que comprova e elevado ritmo que se estava a imprimir nesta jornada pela quase totalidade dos pilotos. Filipe Carreiro e Marco Silva é que decaíam, mostrando-se ambos longe dos excelentes desempenhos das anteriores participações, ocupando respectivamente a nona e décima posições. António Lafuente seguia-se-lhes e atrás de si encontrava-se agora Fernando Coelho, que começava também uma impressionante recuperação, que obrigava a que fosse agora André Ferreira a fechar a tabela de classificação.


Isto está complicado, é o que parece querer dizer a expressão de Filipe Carreiro...

Rui Mota consegue finalmente na oitava manga destronar José Pedro Vieira do comando da prova, fruto de um impressionante forcing iniciado na manga anterior e que teve continuidade nesta manga. O seu melhor registo de 10.36 e uma média de 10.54, bem demonstram o feroz ataque que este piloto desferiu nesta manga. E é também Miguel Guerreiro, agora com um Mazda por troca com o seu anterior Porsche, que desfere igual ataque com vista a atingir os lugares de topo, chegando à quarta posição, à frente de Filipe Vinagreiro. Ricardo Moura cai de quarto para sétimo, fruto do elevado ritmo conseguido por alguns dos seus mais directos adversários. Fernando Coelho também com excelente ritmo, sobe mais uma posição, ultrapassando agora António Lafuente. Acabado de entrar, Jorge Seia não foge da última posição mas demonstra progressos notáveis. Recorde-se que se trata do único piloto estreante que esteve presente.
 A oitava manga reforça a ideia de que Rui Mota não quer desperdiçar a possibilidade de mais uma vitória e torna a bater o recorde da volta mais rápida e que é consequentemente, a volta mais rápida até ao momento de todo o campeonato. Impressionante de facto o tempo de 10.24 estabelecido no decorrer duma prova e que começava a deixar por terra as pretensões de chegar ao lugar mais alto do pódio, por parte dos outros pilotos. E se as três primeiras posições pareciam mais ou menos seguras, Miguel Guerreiro conseguia também cimentar a quarta posição, apesar de semelhante andamento imposto por Filipe Vinagreiro, o piloto que se lhe seguia na classificação. Damião Castro mantinha-se estável no sexto lugar, bem como os pilotos que se lhe seguiam.


A nona manga marcava a reentrada de José Pedro Vieira e a saída de Rui Mota, com este último ao estabelecer 177 voltas, a conseguir também um novo recorde da prova e que lhe garantia praticamente mais uma vitória neste campeonato. Mas José Pedro Vieira mantém também ele excelente ritmo e Miguel Guerreiro destrona Frasco Leite da terceira posição, em mais uma demonstração nesta jornada de que o ritmo declarado por grande parte dos participantes, não era mesmo para brincadeiras. Marco Silva vai também de uma assentada de nono para quinto, numa garantia de que este piloto não se contentava com a posição que ocupava, depois de ter registado dois segundo lugares nas anteriores participações. E para trás poderia ter ficado tudo na mesma, não fosse Jorge Seia ter marcado ritmo capaz de deixar atrás de si André Ferreira. Este rookie começa mesmo a ganhar ritmo e a mostrar que a boa aprendizagem está a fazer parte do seu percurso.

 Na décima manga é José Pedro Vieira que mostra porquê que está no segundo lugar. O tempo de 10.45 de facto não é para todos e vai assim assegurando a sua posição à cabeça da classificação. Frasco Leite regressa ao degrau mais baixo do pódio, apesar do mesmo número de voltas estabelecido por Miguel Guerreiro. Esta luta prometia. Ricardo Moura perde ritmo e desce de oitavo até à décima posição, algo nada normal quando lhe havíamos já visto rapidez suficiente para se manter nas posições cimeiras. Jorge Seia apesar de mais lento do que André Ferreira, conseguia segurar o décimo terceiro lugar.

 A décima primeira manga deixava quase tudo na mesma, à excepção da troca de posições entre Ricardo Moura e Miguel Antunes, com a vantagem a pender para o primeiro.



 Na décima segunda manga é Filipe Vinagreiro quem finalmente sobressai, relegando Miguel Guerreiro para quinto lugar e obrigando também Marco Silva a baixar uma posição, mantendo-se tudo o resto exactamente na mesma.


 A penúltima manga foi a que se mostrou mais decisiva de toda a prova, pois marcou a troca de posições no pódio. Desta vez coube a Frasco Leite surpreender após ter imprimido ritmo de vencedor e ao estabelecer o fantástico tempo de 10.49, conseguiu assim trocar com José Pedro Vieira as posições do pódio. Um  final de facto de sangue na guelra por parte deste piloto que se tem mantido durante todo o campeonato, arredado das posições cimeiras. E registar também, que Jorge Seia conseguia ainda aguentar atrás de si André Ferreira.

 E assistiu-se no fecho da prova, a um final absolutamente empolgante no que se refere à ocupação dos dois degraus mais baixos do pódio. Se uma vez mais foi incontestável a vitória de Rui Mota, José Pedro Vieira tudo fez para destronar Frasco Leite da segunda posição, mas aquele aguentou os ataques com nervos de aço, terminando ambos na mesma volta. Mas sem dúvida, dois pilotos que se encontram de parabéns pelo excelente desempenho tido por ambos. O quarto lugar foi pertença de Filipe Vinagreiro, um piloto de quem se esperava mais, seguido de Marco Silva, que assim acabou por estragar a excelente média tida nas duas anteriores provas. Seguiu-se-lhe Miguel Guerreiro e Damião Castro, ambos com 172 voltas. Para trás e sem aguentar desta vez o rito imposto ficou Filipe Carreiro no oitavo lugar, seguido de Ricardo Moura a duas voltas de si, piloto de quem se esperava mais. Miguel Antunes ocuparia a décima posição, com Fernando Coelho, António Lafuente, Jorge Seia e André Ferreira a fechar a tabela de classificação. Referir como nota positiva o desempenho do piloto rookie, que para além de se ter posicionado à rente de André Ferreira, completaria a prova com o mesmo número de voltas de António Lafuente. Temos um estreante que começa a querer dar nas vistas, um sinal mais, mas ao mesmo tempo de alerta para outros pilotos mais experimentados.





 A próxima prova será a última deste campeonato e tudo levará a crer que teremos um campeão antecipado, mas não faltam vontades em querer destronar este piloto comandante. E esperemos que sim e a avaliar pela melhoria dos desempenhos no geral, estaremos na iminência de assistir a outro vencedor que não Rui Mota.



segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Saber não ocupa espaço

 Tidos como imperdíveis em qualquer colecção de slot car que se preze, estão o Bentley e o Alfa Romeo do fabricante inglês Scalextric.
 Estes dois modelos marcam uma etapa dentro da história dos carrinhos de pista eléctricos, já que fazem conjunto e ao mesmo tempo, parte da revolução da era dos modelos produzidos em plásticos, conceito que se tornou básico e ainda actual.
Históricamente, os antepassados destes dois magníficos eram os Scalex e tratavam-se de modelos de chapa de dar à corda, cuja escala variava entre 1/32 para os modelos saloon e 1/28 para os desportivos, mas que aqui não abordarei por se desenquadrarem do tema que me apraz aqui desenvolver. A empresa Triang, detentora à época dos direitos destes brinquedos, acabaria em 1957 por apostar pela primeira vez na adaptação de motores eléctricos a estes modelos de qualidade espartana em que o conceito da corda lhes começava já a parecer merecedora de uma revolucionária evolução. Esta variante de modelos de chapa electrificados perduraria até 1960, ano da reinvenção deste conceito de sucesso, com a substituição da chapa, pelo plástico. Mas da associação destes reinventados "bólides" dotados agora de locomoção própria através do seu uso em apropriadas pistas alimentadas por corrente eléctrica e que nasceriam com o propósito único de servir uma nova modalidade de entretenimento para crianças, surgiria a palavra que perdura até hoje, Scalextric, criada a partir da junção da inicial marca "Scalex", com "eléctric", o revolucionário conceito em que agora se apoiariam. Mas os donos da empresa perceberam que estes novos brinquedos mereciam um sério e renovado estudo acerca do seu original conceito. Afinal, tinham inventado a "pólvora" e era agora necessário dar-lhe uma nova alma. E a revolução aconteceria com a adopção dos plásticos injectados, o que permitia a criação de réplicas muito melhoradas das reproduções pretendidas. Aliado a isso, se o conceito em si das pistas se manteve praticamente inalterado, uma das outras revolucionárias evoluções aconteceria na recriação da transferência da corrente eléctrica da pista, para os mini-modelos. Não se chamavam ainda patilhões, achando-se à palavra "guia" o mais apropriado e ainda hoje também assim chamado por alguns aficionados, mas o conceito dos mesmos era ineficaz e havia necessidade duma recriação daquele órgão de forma a que houvesse uma significativa melhoria na eficiência do conjunto.
 Na imagem que acima se mostra, constam os quatro primeiros modelos editados pela Scalextric em plástico e recorriam a um primeiro conceito de guia nascido em Dezembro de 1961, uma peça independente do chassis, mas fixa no mesmo. Um simples espigão era o suficiente para servir de guia do modelo ao percorrer a calha da pista, mas este arcaico conceito tinha de contar com uma boa montagem das palhetas, que por sua vez funcionavam de mola, mas que por essa razão implicavam negativamente na eficiência do sistema.
As imagens inferiores que se seguem, com a interposição da imagem de um dos modelos em lata já electrificados, mostram como a montagem das palhetas poderia ter influência , já que quanto mais salientes do chassis, menos espigão a servir de guia existiria. E a forma como eram montadas, permitiam flexibilidade suficiente para funcionarem como mola. Daí, a Scalextric ter-se sentido na necessidade de corrigir o conceito, banindo esta guia com a referência G2 para dar lugar ao conceito com a refência G3. A letra "G" designa "guide" em inglês, com a tradução de "guia" para português, representando o numeral a sequência do desenvolvimento. E assim, à referência G1 corresponde a guia dos modelos ainda em lata e afinal, bem distinto do agora mostrado, mas que por curiosidade aqui se deixa para observação na imagem inferior. Tratavam-se de duas campainhas unidas por um material isolante e em que em cada uma delas se fazia passar a corrente positiva e a negativa, até ao motor cujo eixo de tracção fazia parte de um bloco só com o motor.

 Torna-se perceptível a provável ineficácia deste sistema.
Surgia então a guia G3, a primeira evolução da era dos plásticos. Ainda que num conceito rudimentar, o esquema de montagem das palhetas surge bastante simplificado e pela primeira vez, com uma das extremidades das mesmas, livre, facilitando o acerto do contacto eléctrico com as calhas, ainda que se tivesse mantido o sistema fixo ao chassis e por espigão a servir de guia.
Pela parte interior dos mini-modelos, a tarefa de substituição das palhetas tornou-se também mais simples.
Outra curiosidade prende-se com a utilização de materiais metálicos, tanto nos pinhões como nas cremalheiras. Os motores deixaram de ser blindados e com o eixo de tracção integrado que se usavam nos tinplate, para receberem agora o famoso motor "RX" ou E2 (Engine 2 - motor 2), um motor aberto, durável e utilizado durante décadas pela marca, sobretudo através da sua filial espanhola, num conceito muito eficaz no que concerne à sua eficiência e manutenção.
E ainda sob estes conceitos, mas com a substituição das cremalheiras metálicas por plásticas, surgiria a belíssima parelha formada pelo Bentley e Alfa Romeo que ainda hoje são muito cobiçados por grande parte dos apaixonados coleccionadores.
 Mas antes de abordarmos mais especificamente a "parelha maravilha", abordemos o mesmo conceito do motor "RX - E2" que serviu para a criação de um modelo muito interessante.
O Austin Mini Cooper editado sob a referência C76, foi equipado com o motor "Formula Junior" ou "E4", uma versão reduzida desse motor "RX", mas em que se encontra integrado através de uma estrutura plástica, o eixo de tracção.
 Este por sua vez foi montado em posição invertida, proporcionando a estes belos Mini que tivesse tracção frontal. O eixo traseiro de encaixe apenas central, acaba por ter movimentos livres, facilitando o desempenho do mini-modelo. Contudo, este sistema não se mostrou suficientemente eficaz para ser mantido, não tendo passado de uma interessante experiência. A imagem inferior mostra-nos como o eixo de tracção se encontra integrado no próprio motor.
O patilhão destes Mini e com a referência G6, foi especificamente desenvolvido para este modelo, já que recorrem a um sistema de encaixe específico, mantendo-se ainda amovível e recorrendo a um espigão.

As séries seguintes dos Mini, abandonariam o conceito e passaram a receber o sistema de tracção convencional ao eixo traseiro, recorrendo novamente ao motor RX, de maior dimensão e capaz de mais notáveis performances.
 A referência do patilhão é agora a G17, um patilhão já de lâmina por substituição do espigão e de fixação através de porca que enrosca num espigão do próprio patilhão.

E deitemos agora um olhar mais atento a estas duas delícias do slot car.




A imagem inferior mostra-nos um chassis Bentley com a guia G3 e uma cremalheira já de plástico, uma evolução não tão eficaz quanto o primeiro conceito de cremalheira metálica quanto à durabilidade da mesma.









E assim se escreve e mostra um pouco da história da evolução dos slot car com que hoje brincamos, em conceitos bastante distantes destes que aqui estivemos a descrever.