segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Saber não ocupa espaço

 Tidos como imperdíveis em qualquer colecção de slot car que se preze, estão o Bentley e o Alfa Romeo do fabricante inglês Scalextric.
 Estes dois modelos marcam uma etapa dentro da história dos carrinhos de pista eléctricos, já que fazem conjunto e ao mesmo tempo, parte da revolução da era dos modelos produzidos em plásticos, conceito que se tornou básico e ainda actual.
Históricamente, os antepassados destes dois magníficos eram os Scalex e tratavam-se de modelos de chapa de dar à corda, cuja escala variava entre 1/32 para os modelos saloon e 1/28 para os desportivos, mas que aqui não abordarei por se desenquadrarem do tema que me apraz aqui desenvolver. A empresa Triang, detentora à época dos direitos destes brinquedos, acabaria em 1957 por apostar pela primeira vez na adaptação de motores eléctricos a estes modelos de qualidade espartana em que o conceito da corda lhes começava já a parecer merecedora de uma revolucionária evolução. Esta variante de modelos de chapa electrificados perduraria até 1960, ano da reinvenção deste conceito de sucesso, com a substituição da chapa, pelo plástico. Mas da associação destes reinventados "bólides" dotados agora de locomoção própria através do seu uso em apropriadas pistas alimentadas por corrente eléctrica e que nasceriam com o propósito único de servir uma nova modalidade de entretenimento para crianças, surgiria a palavra que perdura até hoje, Scalextric, criada a partir da junção da inicial marca "Scalex", com "eléctric", o revolucionário conceito em que agora se apoiariam. Mas os donos da empresa perceberam que estes novos brinquedos mereciam um sério e renovado estudo acerca do seu original conceito. Afinal, tinham inventado a "pólvora" e era agora necessário dar-lhe uma nova alma. E a revolução aconteceria com a adopção dos plásticos injectados, o que permitia a criação de réplicas muito melhoradas das reproduções pretendidas. Aliado a isso, se o conceito em si das pistas se manteve praticamente inalterado, uma das outras revolucionárias evoluções aconteceria na recriação da transferência da corrente eléctrica da pista, para os mini-modelos. Não se chamavam ainda patilhões, achando-se à palavra "guia" o mais apropriado e ainda hoje também assim chamado por alguns aficionados, mas o conceito dos mesmos era ineficaz e havia necessidade duma recriação daquele órgão de forma a que houvesse uma significativa melhoria na eficiência do conjunto.
 Na imagem que acima se mostra, constam os quatro primeiros modelos editados pela Scalextric em plástico e recorriam a um primeiro conceito de guia nascido em Dezembro de 1961, uma peça independente do chassis, mas fixa no mesmo. Um simples espigão era o suficiente para servir de guia do modelo ao percorrer a calha da pista, mas este arcaico conceito tinha de contar com uma boa montagem das palhetas, que por sua vez funcionavam de mola, mas que por essa razão implicavam negativamente na eficiência do sistema.
As imagens inferiores que se seguem, com a interposição da imagem de um dos modelos em lata já electrificados, mostram como a montagem das palhetas poderia ter influência , já que quanto mais salientes do chassis, menos espigão a servir de guia existiria. E a forma como eram montadas, permitiam flexibilidade suficiente para funcionarem como mola. Daí, a Scalextric ter-se sentido na necessidade de corrigir o conceito, banindo esta guia com a referência G2 para dar lugar ao conceito com a refência G3. A letra "G" designa "guide" em inglês, com a tradução de "guia" para português, representando o numeral a sequência do desenvolvimento. E assim, à referência G1 corresponde a guia dos modelos ainda em lata e afinal, bem distinto do agora mostrado, mas que por curiosidade aqui se deixa para observação na imagem inferior. Tratavam-se de duas campainhas unidas por um material isolante e em que em cada uma delas se fazia passar a corrente positiva e a negativa, até ao motor cujo eixo de tracção fazia parte de um bloco só com o motor.

 Torna-se perceptível a provável ineficácia deste sistema.
Surgia então a guia G3, a primeira evolução da era dos plásticos. Ainda que num conceito rudimentar, o esquema de montagem das palhetas surge bastante simplificado e pela primeira vez, com uma das extremidades das mesmas, livre, facilitando o acerto do contacto eléctrico com as calhas, ainda que se tivesse mantido o sistema fixo ao chassis e por espigão a servir de guia.
Pela parte interior dos mini-modelos, a tarefa de substituição das palhetas tornou-se também mais simples.
Outra curiosidade prende-se com a utilização de materiais metálicos, tanto nos pinhões como nas cremalheiras. Os motores deixaram de ser blindados e com o eixo de tracção integrado que se usavam nos tinplate, para receberem agora o famoso motor "RX" ou E2 (Engine 2 - motor 2), um motor aberto, durável e utilizado durante décadas pela marca, sobretudo através da sua filial espanhola, num conceito muito eficaz no que concerne à sua eficiência e manutenção.
E ainda sob estes conceitos, mas com a substituição das cremalheiras metálicas por plásticas, surgiria a belíssima parelha formada pelo Bentley e Alfa Romeo que ainda hoje são muito cobiçados por grande parte dos apaixonados coleccionadores.
 Mas antes de abordarmos mais especificamente a "parelha maravilha", abordemos o mesmo conceito do motor "RX - E2" que serviu para a criação de um modelo muito interessante.
O Austin Mini Cooper editado sob a referência C76, foi equipado com o motor "Formula Junior" ou "E4", uma versão reduzida desse motor "RX", mas em que se encontra integrado através de uma estrutura plástica, o eixo de tracção.
 Este por sua vez foi montado em posição invertida, proporcionando a estes belos Mini que tivesse tracção frontal. O eixo traseiro de encaixe apenas central, acaba por ter movimentos livres, facilitando o desempenho do mini-modelo. Contudo, este sistema não se mostrou suficientemente eficaz para ser mantido, não tendo passado de uma interessante experiência. A imagem inferior mostra-nos como o eixo de tracção se encontra integrado no próprio motor.
O patilhão destes Mini e com a referência G6, foi especificamente desenvolvido para este modelo, já que recorrem a um sistema de encaixe específico, mantendo-se ainda amovível e recorrendo a um espigão.

As séries seguintes dos Mini, abandonariam o conceito e passaram a receber o sistema de tracção convencional ao eixo traseiro, recorrendo novamente ao motor RX, de maior dimensão e capaz de mais notáveis performances.
 A referência do patilhão é agora a G17, um patilhão já de lâmina por substituição do espigão e de fixação através de porca que enrosca num espigão do próprio patilhão.

E deitemos agora um olhar mais atento a estas duas delícias do slot car.




A imagem inferior mostra-nos um chassis Bentley com a guia G3 e uma cremalheira já de plástico, uma evolução não tão eficaz quanto o primeiro conceito de cremalheira metálica quanto à durabilidade da mesma.









E assim se escreve e mostra um pouco da história da evolução dos slot car com que hoje brincamos, em conceitos bastante distantes destes que aqui estivemos a descrever.

domingo, 29 de setembro de 2019

Os novos Mini - BRM

Saíu recentemente a segunda série dos Mini, numa recriação à escala 1/24 da BRM.
Modelos já nossos conhecidos há algum tempo, esta segunda série, para além das novas decorações, introduz como inovação o novo desenho das jantes Minilite.
 Se até agora vinham equipados de jantes Minilite de grande diâmetro e equivalentes às que equipavam os Mini de última geração, sobretudo no capítulo da competição, as que equipam agora esta segunda série, pelo contrário, correspondem à dimensão das primeiras Minilite que equipavam os Cooper S dos primórdios na competição.
 Estas mais reduzidas jantes, implicaram a utilização de pneus com mais borracha, para que se fizesse uma equivalência de diâmetro entre ambas.

 E não há dúvida de que assim, os mini-modelos se aproximam muito mais em imagem, dos modelos verdadeiros.

 Agora, estes novos brinquedos fazem-se acompanhar dentro da caixa, de folhas autocolantes com números e matriculas e ainda dos já habituais retrovisores.

 Estas imagens bem demonstram a diferença de desenho e dimensão entre cada uma delas, pela qual o fabricante optou para cada uma das séries.


 Quanto a pesos, parece que os primeiros levam alguma vantagem.

 Em termos mecânicos, tudo terá ficado na mesma, para além do patilhão que terá sido alvo de uma revisão ao nível da superfície de apoio das palhetas, que aumentou para trás.
 Como curiosidade, poderemos acrescentar que agora, os novos Mini passaram a receber volante à direita.
 Passaram também a vir fixos à base de cartão, através de um parafuso que aperta no chassis.
Afinal, mais uns quantos carrinhos de fazer perder a cabeça.... e vão saír mais......

Vencedor não alemão - Alfa Romeo Slot.It

A Slot.It acabou de editar o segundo modelo oficial do Alfa Romeo 155 V6 Ti do campeonato DTM de 1993. Se a primeira edição correspondeu ao modelo tripulado por Alessandro Nannini, o que agora nos fazem chegar teve ao seu volante Nicola Larini.
 Esta edição limitada a 1008 exemplares, vem agora dentro das habituais caixas de cartão destinadas às edições vencedoras. E se até agora essa honra havia correspondido apenas a vencedores do Targa Flório e Le Mans, desta vez esse brilhantismo coube a este Alfa Romeo, por ter sido o único vencedor não alemão, enquanto marca de automóveis, a triunfar naquele difícil campeonato.
 E entre uma e outra das edições deste Alfa oficial, para além do  número, nome do piloto e um ou outro pormenor, sobressai como diferença entre eles, o brilho agora apresentado na côr. E tal deve-se ao facto de na primeira edição, correspondente ao mesmo tempo ao primeiro modelo do campeonato DTM editado pela Slot.It, ter sido editado na côr do próprio plástico. Pelo contrário, esta mais recente edição acabou por receber tinta , o que o beneficia significativamente.
 A qualidade acabou no entanto por ser mantida, pelo que não haverá grandes distinções entre eles.
 A valorizá-lo está no entanto, a questão de ser mais um modelo de edição limitada e numerada, o que lhe conferirá um lugar especial no seio das colecções.

 Comparando-os, percebe-se que o mais recente dos dois, apresenta uma côr um tudo nada mais claro, mas sobretudo com mais brilho.
 Na traseira, os escapes passaram da côr preta a prateado.

 Mecânicamente mantiveram-se todos os conceitos, assim como se mantiveram o motor e relação pinhão/cremalheira. Apesar de se apresentar agora com um berço de motor mais claro, a referência mantém-se a mesma.

 Em termos de peso, meia grama é enquanto a nova versão saiu penalizada. Sabe-se lá porquê, mas alguma da culpa talvez possa advir da pequena camada de tinta.
E assim se completa o mundinho dos DTM, enquanto desesperamos pela entrada do novo Mercedes no circuito comercial...