O Mercedes AMG GT3 será um desses exemplos a podermos trazer à baila, dada a sua juventude enquanto modelo nas competições actuais. Mas o que nos importa agora trazer ao correr da pena, será a verdadeira valia das apostas deste fabricante. De conceitos explorados à margem da generalidade dos restantes fabricantes, importa perceber até que ponto estes, serão capazes de se tornar apelativos e trazer a reboque os interesses dos praticantes da modalidade.
A quebra de alguma da qualidade que sobressaía nas suas criações, parece estar a transformar-se numa realidade, como por exemplo a falta de qualidade das suas pinturas, o que parece até ir ao encontro do que tem vindo paralelamente a acontecer com os modelos da Slot.It/Policar. E no caso do Mercedes agora mostrado, acontece que a côr azul surge em várias partes da carroçaria com mais brilho do que noutras, o que poderá ser suficiente para o afastamento de alguns dos apaixonados pela modalidade/colecções, sobretudo quando por parte da concorrência se conseguem vêr obras de alto nível.
Mas mecanicamente poderemos estar a entrar num patamar sem retorno. Parte dos seus próprios conceitos foram mantidos, como a utilização de um berço basculante que acopla tanto o motor como o eixo de tracção, mas que agora se opta pela nova motorização de caixa pequena com a referência "SCX-FR42". Trata-se de um motor que sendo de caixa pequena, se afasta de todo o tipo de motores equivalentes, dos outros fabricantes. Uma cabeça de motor própria, sustenta os carvões cravados em chapas de grande fragilidade, que se por acidente se deformarem, com facilidade se conclui que será o fim do mesmo. O jogo de suspensão que deste conceito se consegue, é dado pela força das molas do motor que fazem ao mesmo tempo a passagem da corrente eléctrica das chapas do chassis, até ao motor. Ainda que tenha o seu interesse, encontra-se este jogo de basculação limitado, uma vez que não permite regulação de acordo com as necessidades. É aquilo e nada mais. E assim sendo, poderia até o motor ser um belo elemento mecânico, mas o sistema de suspensão descrito, limita em tudo as potencialidades competitivas, frente a uma concorrência muito desenvolvida e presentemente muito apostada em resultados competitivos. As novas produções prescindem também de eixo para as rodas frontais. Ao invés disso, estas encontram-se acopladas a uns suportes plásticos que encaixam no próprio chassis. Mas o que fica a funcionar como eixo, por ser também em plástico, sofrerá prematuramente de desgaste com a inevitabilidade de se virem a soltar as rodas, para além de oferecer alguma resistência ao rolamento, enquanto novos.
O mesmo poderá ser apontado ao Lancia Fulvia HF, à excepção da ausência de berço basculante para o motor. Uma côr neste caso sem qualquer brilho, que se agradece na côr preta do capô, mas que já nos revolta quando apreciamos a restante carroçaria.
Um patilhão à moda antiga dotado de palhetas de dupla superfície e a molejar por influência das palhetas do chassis que transportam a corrente até ao motor, rodas da frente a girar em eixos plásticos e um motor de caixa pequena, caracterizam também esta nova criação da Scalextric/SCX.
Repartindo com a restante gama o motor "SCX-FR42", ficamos para já sem saber da valia desta engenharia, mas deixa-nos curiosos quanto às suas performances. Mas a primeira das más sensações que nos deixa esta máquina, é a exagerada dimensão das jantes que equipa este ícon do automobilismo mundial, sendo mesmo este representante transalpino, o vencedor do Rali de Monte Carlo no ano de 1972. A reduzida aposta em elementos cromados, acabam por proporcionar o empobrecimento de um modelo que até se encontra razoavelmente bem reproduzido.
Mas quando comparado com o mesmo modelo recriado pela AutoArt, percebemos o quanto a versão espanhola fica a perder. Valha-lhe a real probabilidade de em termos dinâmicos, ficar uns furos bem acima.
Se a dimensão das jantes é desajustada, a falta de brilho na pintura o penaliza, acrescemos ainda a falta de rigôr na reprodução dos elementos publicitários e decorativos, sobretudo quando comparado com a criação do fabricante rival. A ganhar ficará talvez mecânicamente, mas ainda na reprodução dos capacetes do piloto e pendura, tanto mais que o modelo da AutoArt, nem contempla a presença do pendura.
Mas com que bombas do mesmo fabricante poderemos comparar este Lancia?
Parece-me justa a sua comparação, sobretudo com os Alpine Renault A110. Mas talvez nem todos. Isto porque as primeiras série se viram equipadas com motores de caixa grande da série anterior e as rodas da frente se servem ainda de eixo.
Portanto, a justiça far-se-à certamente com os Alpine que repartem os mesmos conceitos mecânicos, como a versão com que Michele Mouton participou no Monte Carlo (imagem inferior). Detectam-se os da primeira dos da segunda série, através do ponto negro existente no centro das jantes da frente
Pena não terem para o Lancia, optado por jantes de mais reduzida dimensão, pois teria certamente ficado mais competitivo e capaz de se debater de igual, com o mais velhinho Alpine. Assim, não creio que se proporcionem batalhas equilibradas entre estes dois fantásticos representantes de ícones mundiais dos ralis.
E como sempre, também se encontra dotado de sistema de luzes, mas claro, à moda da SCX, que se apagam assim que deixemos de lhe fornecer a corrente eléctrica para o fazer mover.
E entre AutoArt e Scalextric/SCX, encontramo-nos perante um modelo pleno de brilhantismo, côr correcta, frisos cromados e logótipos perfeitos e outro, algo amorfo no geral, com falta de côr e brilho, grande ausência de elementos cromados e dotado de jantes desproporcionadas, mas que talvez consiga sobressair no capítulo competitivo.
A imagem inferior permite-nos observar a grande diferença das jantes, entre ambos.
As traseiras bem demonstram a falta de realismo da versão da SCX, onde nem a tampa lateral do depósito de combustível original foi representado e o grande cuidado aplicado pela AutoArt na reprodução desta secção do modelo.