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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Outra série abandonada pela Scalextric/SCX

 Se houve alguma série merecedora de elogio e considerada genialmente elaborada por parte da Scalextric/SCX, a que aqui abordarei agora é sem dúvida uma delas. Trata-se da série "Pro", uma série pela primeira vez pensada por este fabricante para a competição pura e dura, face aquela que era já uma concorrência  de peso.
Fornecidos em invulgares embalagens, faziam-se acompanhar  e alguns acessórios extra de substituição, mas sobretudo de alguma inovação  e material calibrado.
 Inovador no fabricante, foi desde logo a introdução de berço de motor independente do chassis, mas pensado para jogar relativamente a cada aceleração ou travagem, já que este trabalha no chassis de forma longitudinal. Aproveitou o fabricante para tirar partido deste movimento, de duas formas. Aquando da travagem, a parte que sustenta o motor e eixo de tracção, o berço, tira partido dos milésimos de segundo até levar com a pancada do conjunto formado pela carroçaria e chassis, mas aproveita sobretudo, para tirar partido desse movimento para potenciar o sistema de travagem genialmente pensado. Pena na maioria dos regulamentos, se não na totalidade, este poder de travagem adicionado neste conceito, ter sido absolutamente banido.
Na carroçaria apostava-se também numa nova forma de construção, desprezando o que fosse possível, como é o caso da dispensa dos faróis, tal como pode ser observado na imagem de cima por comparação com um modelo da série standard.
As jantes passaram a ser todas de aperto e calibradas, recebendo também pneus de novo tipo e qualidade. Recorreram a um patilhão mais convencional, onde a alimentação ao motor se passou a fazer de forma mais tradicional, por cabos e não como usualmente na SCX, por palhetas metálicas.
 Mas é na retaguarda que se encontra a verdadeira inovação, infelizmente muito mal recebida pela concorrência. O chassis passou a receber um acessório em borracha com a possibilidade de ajuste, colocando-o mais para a frente ou para trás, de forma a optimizar o por nós pretendido poder de travagem. Como funciona então este sistema?
 Como foi já acima descrito, o berço está estudado para sofrer oscilações longitudinais, quando o modelo arranca em aceleração. Nessa altura, todo o conjunto à excepção do berço do motor que contém o eixo e cremalheira, sofrem uma deslocação de toda a massa, contrária à exercida pelo conjunto do berço onde se encontra o motor. Nesse movimento e provocado por toda essa inércia, essa borracha/travão, desliga-se da cremalheira, permitindo o seu livre girar. Aquando da travagem, o movimento da carroçaria passa a ser inverso relativamente ao acima exposto, provocando a obrigatoriedade de contacto entre estes dois acessórios. Assim, o travão de borracha acaba por fricção com a cremalheira, por provocar a potencial ajuda à travagem. Simplesmente, genial.

Da série editada dos Audi R8, surgiram dois modelos decorados e um totalmente transparente, à excepção do aileron e dos retrovisores que foram utilizados na côr branca. As carroçarias pintadas, foram-no feito a partir de carroçarias transparentes e pintadas por dentro, sendo assim preservadas as pinturas aquando dos impactos.

 As duas versões decoradas foram editadas com motorizações de referências diferentes. Um tem o motor "Pro Speed" de 22.000 rpm e o outro com o RX-4H de 25.000 rpm.

 Comparado o chassis desta série com o do modelo standard, percebe-se que os mais comuns se encontram desprovidos de berço independente mas contemplam o comum íman. Os pneus passaram a ser de novo tipo e as jantes a ser calibradas e de aperto.
Em baixo três exemplares, dois da série "Pro" e um standard.

 Mas a séria "Pro" estendeu-se a outras categorias e o mundo dos ralis não ficou esquecido. Partiram de um dos seus melhores modelos, o Citroën Xsara.
Neste caso, se o esquema de construção da carroçaria se manteve relativamente aos Audi da categoria LMP1, aqui passaram a integrar tracção total, com relações distintas nos dois eixos, contemplando o conjunto uma terceira cremalheira diferente das duas que se encontravam montadas no chassis.
 Disponibilizaram-se também deste Citroën,  duas decorações diferentes. Os pneus frontais são de menor diâmetro, contribuindo assim para que as rodas da frente tenham mais aceleração do que as posteriores, contribuindo também para essa melhoria de comportamento, a adopção de uma relação mais adequada , ajudando a minimizar a natural derrapagem da traseira.
 O patilhão ficava agora num  braço basculante, ajudado pela existência de uma mola, o que facilita o permanente contacto das palhetas com a pista em pisos irregulares. E chegou a representar naquela época a verdadeira coqueluche dos ralis. Capaz de excelentes desempenhos, passou a ser dos mais procurados modelo da categoria, mas acabaria por ser sol de pouca dura, já que a concorrência trabalhou depressa e conseguiu um ascendente sobre este projecto, acabando mesmo por o abafar. Munido da motorização RX-Pro Double Rally capaz das 21.000 rpm, chegou a ser tido no seu tempo áureo, como o carro "maravilha".

 A categoria dos GT's foi também contemplada, tendo aqui sido aproveitado o modelo 911 da Porsche.
 Equipado com o motor RX-4H capaz de fazer as 25.000 rpm e uma carroçaria aligeirada à moda da restante série "Pro", não se mostraria nunca neste caso como um modelo com que se pudesse contar para as verdadeiras lutas desta categoria, apesar do excelente desempenho quando comparado com as versões standard deste mesmo modelo. Incomparavelmente melhor.
 Com todo o material calibrado, chassis com possibilidade de regulação do eixo frontal, berço de motor e também equipado com o revolucionário sistema de travão adicional, parecia ter tudo para entrar na guerra dos grandes, mas também nesta categoria o sistema de travagem adicional acabaria por não ser admitido.

 A imagem de baixo mostra as possibilidades de regulação do eixo frontal que este chassis permite. Mais tarde, passaria este conceito a fazer parte da totalidade dos chassis das marcas de fabricantes concorrentes vocacionadas para a competição.


 Mais surpreendente foi a inclusão nesta série também, dos menos comuns modelos de NASCAR. É também uma certeza, que a maioria dos aficionados conhecedores desta série, desconhecia a inclusão e existência deste tipo de modelos "Pro".
 Pois foi, também aqui a Scalextric/SCX se aventurou com esta série.

 Os mesmos conceitos adoptados nos outros modelos de velocidade, também aqui se encontram aplicados.
 O mesmo conceito de travagem e material calibrado, foram incluídos nos modelos NASCAR.
 Também aqui se optou pela mesma motorização RX-4H de 25.000 rpm, um motor de excelente desempenho potenciado ainda pelo elevado poder de atracção magnética que lhe é conhecido e que transforma estes carros em verdadeiras máquinas de competição.

 Mas estes NASCAR trazem uma novidade relativamente à restante gama. Equipado de um interior de série em plástico rígido, vem fornecido com um segundo e opcional habitáculo extra em lexan, substancialmente mais leve.
 A sua substituição é extremamente simples e estes modelos encontram-se perfeitamente pensados para a sua substituição sem que nada fique danificado. Estes interiores encontram-se fixos por pequenos anéis de borracha fáceis de se retirar, mas que fixam perfeitamente este órgão.


Quando pesadas ambas as bandejas porta pilotos, percebemos a tremenda diferença que cada um deles representará em termos dinâmicos. 


Mas também estes projectos bem nascidos acabariam por ser abandonados, optando este fabricante por preferir a continuidade dos modelos standard, que não colhem entre os aficionados grande interesse competitivo. Uma pena que estes projectos não mereçam mais atenção por parte dos fabricantes no geral, como foi também o caso das versões "Racing" da Fly, que neste caso e ao que parece, vão finalmente ser retomados. Oxalá a mesma luz ilumine os projectistas da Scalextric/SCX, pois temos saudades das inovações com que este fabricante nos foi brindando ao longo da sua história.