O fabricante "Vulcano", uma marca muito recente mas de vida absolutamente efémera, escolheu precisamente a versão 1 do Escort, para se introduzir no mercado dos pequenos modelos rolantes à escala 1/32, onde teria chegado a editar três distintas versões. O aqui e agora mostrado, uma versão participante nas 24 Horas de Spa em 1971, acabaria por desistir mas teve ao seu volante, J. Fitzpatrick / F. Mazet.
Difícil seria acreditar que pudessem sobreviver no difícil circuito comercial deste hobby destas pequenas criações, apoiados nos conceitos em que se terão apoiado mecânicamente.
A opção de um micro-motor posicionado à frente, obrigou à aposta em semi-eixos frontais. Contudo, se a ideia dos semi-eixos não era nada má, não terá sido nada boa a forma como os fizeram, já que o excesso de atritos criou dificuldade ao livre girar das rodas, obrigando a algum trabalho extra para que estas se tornem funcionais. A utilização do prolongamento do veio do motor através de uma mola para cumprir a sua missão de tracção ao eixo posterior, já havia dado noutros fabricantes provas de falta de fiabilidade, o que nos leva a não perceber qual a necessidade de recorrer a este tipo de conceito, apenas para recriar um mais aperfeiçoado habitáculo, coisa que nestes meios nos damos ao desprezo. Resultaria dessas más apostas, a própria extinção deste tão recente fabricante.
Como maqueta, peca também em inúmeros aspectos, mas fica uma imagem cativante deste que tão curta vida conseguiu ter.
Muito melhor conseguido, encontra-se a criação do muito mais sólido fabricante Scalextric/Superslot. Embora não se isente também de defeitos, mostram-se muito mais ricos ao nível de pormenores, escala e eficiência dinâmica.
Uma das suas representações sobre este modelo da sua primeira série, ou MKI como é mais vulgarmente reconhecido, representa o modelo que se sagrou vencedor da prova maratona, Londres-México. Essa vitória levaria a Ford a criar uma versão cliente com base neste mítico modelo da oval azul, numa edição especial e a que apelidaria de "Escort México", caracterizado exteriormente pela integração de faixas laterais onde surgia a palavra "México" na porta e ainda pela existência de duas faixas longitudinais, na capota. Aquando da comemoração do 50º aniversário da existência deste modelo, este fabricante achou por bem recriar também esta versão.
A representação da versão dessa maratona que culminaria em vitória na américa latina, no México mais precisamente, surge com modificações naturais para se poderem enfrentar as adversidades naturais duma prova daquela dureza e envergadura. Os stops foram alterados para três pilotos redondos, receberia dois prolongamentos exteriores do próprio roll-bar, uma estrutura tubular reforçava a frente do modelo e no lugar dos cantos dos pára-choques, surgem placas que contrariam o salpicar de água para o pára-brisas, aquando da passagem de poças de água ou pequenos riachos. E nesta deliciosa miniatura, estes pormenores não foram esquecidos. Exceptua-se a deformação da carroçaria no guarda-lama traseiro direito, que acabou por sofrer uma substancial modificação para receber o bocal de um dos dois depósitos de combustível.
Mas as mais duras provas do mundo estavam ao alcance deste glorioso e a vitória no Rali Safari bem o comprova, preenchendo um currículo verdadeiramente notável.
E esta versão acabaria também por ser merecedora de mais uma bela máquina de pista à escala reduzida, através deste fabricante inglês.
Relativamente à sua parte mecânica, embora se mostrem desconcertantes relativamente às performances dos actuais modelos, não poderemos negar a qualidade das suas engrenagens.
Mas o Escort era alvo de estudo, de onde acabaria por nascer a primeira evolução do carismático Escort e que acabaria por ficar conhecido no meio por Escort MK II, abreviatura de Mark II.
Aqui acabaria por ser a Scalextric/SCX a não deixar passar a oportunidade, recriando um infindável número de versões e decorações.
Muito bem reproduzidos, já conseguimos com eles colher algum prazer de pilotagem, apesar de haver também o seu aproveitamento para que através da substituição dos seu original chassis por chassis de produção 3D, se conseguir tirar deles outro acréscimo de adrenalina.
Mas mesmo na sua mais primária versão RTR (Ready To Run - pronto a correr) a sua eficiência dinâmica surpreende pela positiva.
Recentemente acabaria por surgir no mercado este modelo da segunda série, conhecido pelo Escort "de frente alemã", numa produção da Team Slot.
Nesta versão desenvolvida na Alemnha, Escort RS 2000 acabaria por ser a sua oficial designação, muito embora também a haja na versão inglesa, apresenta uma frente em cunha que integra 4 faróis na sua grelha. O restante modelo é em tudo igual, mas esta frente modificada faz toda a diferença estética e até aerodinâmica
Comparadas as traseiras de ambos, constacta-se que não existem diferenças. Atenção que há um pormenor bem distintivo entre ambos e que se prende com as cavas das rodas. A produção SCX representa as versões de Grupo 2 ou 4, cujas vias eram alargadas, obrigavam a que surgissem necessáriamente os alargamentos das carroçarias por forma a cobrirem a totalidade das rodas. A reprodução da Team Slot mostra-nos uma carroçaria de Grupo 1, razão pela qual esta carroçaria se mostra tal como originalmente foi concebida, ou seja, sem os ditos alargamentos. Naturalmente que as produções SCX se apresentam com um visual mais radical, agressivo e até mais agradável. Mas isso não desvaloriza em nada a versão de frente alemã, já que se encontra absolutamente fiel à realidade.
Já as diferenças existentes na secção frontal, quase nos permitiriam afirmar não se tratar do mesmo modelo. Mas é assim, mais alongada e em cunha ao que se acrescenta também um capôpt-motor redesenhado, com a versão original a sofrer um rebaixo na parte central e o desenvolvimento germânico a fazer subir essa mesma zona, faz com que o surgimento desta versão por parte da Team Slot, só nos proporcione uma mais valia relativamente à quantidade de variantes deste modelo polivalente.
Por estas duas imagens aqui mostradas, percebe-se o quão diferentes são estes dois estudos sobre um mesmo carro.
A mecânica apoia-se num chassis plástico preparado para receber motor tanto em linha como em posição anglewinder, apesar de, se se optar pela segunda solução, não perceber-mos como será possivel montar-se a cremalheira e que as rodas fiquem ainda dentro da carroçaria.
Para o eixo traseiro optou-se por material todo de aperto, cremalheira e as próprias jantes. Curiosa é a simulação das jantes. Estranhamente, não passam de tampões completamente soltos, que se mantêm na sua posição por pressão dos próprios pneus que se estendem para lá da própria medida das jantes.
E chegou também ao mundo dos slot car, a terceira geração e que rompeu em absoluto com os anteriores conceitos mecânicos em que se apoiara a Ford. Estes novos Escort passaram a receber tracção dianteira e a partir daqui, teria de ser reescrita a história dos Escort, já que o seu êxito decairia estrondosamente
Mas a Scalextric inglesa acabaria por reproduzi-lo. Mas tal como à escala real, também este Escort MK III é uma absoluta desilusão.
Se a sua escala nos permite constactar alguma correcção, as suas linhas, ainda que correctas, padecem de merecidos pormenores. Pequenos apêdices aerodinãmicos no topo da mala e ainda sob o pára-choque frontal, ao que se acrescenta o característico desenho das jantes, fazem-nos reconhecer imediatamente a versão de topo conhecida por XR3i. Disponibilizado de série dotado de faixas decorativas, este mini-modelo faz-se acompanhar de uma folha de decalcomanias para que possamos ainda personalizá-lo.
De conceito mecânico antigo e ineficaz, ao que se junta ainda uma tremenda falta de qualidade das suas plásticas engrenagens, não farão dele nunca, uma peça verdadeiramente apelativa e cobiçada.
Mas a Scalextric espanhola acabaria por tirar mais um trunfo da manga. Não passou em claro a este fabricante a existência do bem nascido Ford Escort Cosworth. Esta brutal máquina que militou no mundial de ralis já na era dos 4X4, provida de um brutal e bonito aileron, nasceu para o slot dotado igualmente de tracção integral.
Se na vida real os seus êxitos foram significativos, essa eficácia à escala 1/32 ficou aquém. Mas é absolutamente impossível que fiquemos indiferentes a esta miniatura bem reproduzida, estéticamente genial e dotada de acabamentos bem conseguidos.
E a saga dos Escort acabaria por ser barrada com a revolucionária chegada do Ford Focus, o seu verdadeiro sucessor nas campanhas competitivas, mas para a eternidade, fica um percurso sem paralelo e de sucessivos êxitos dos modelos Escort, que continuam a acontecer ainda hoje um pouco por todo o mundo.
Eu também tive o prazer de conhecer os verdadeiros atributos proporcionados pela valia destas fantásticas máquinas e é notável a extraordinária capacidade dinâmica proporcionada por uma máquina nascida na década de 70 do passado século.