Desta vez pretendo versar a temática relativa à nossa paixão, deixando algumas considerações que reflitam as características que melhor definem cada uma das marcas que têm preenchido este nosso hobby. A totalidade das análises aqui feitas, referir-se-ão exclusivamente aos modelos de plástico e à escala 1/32, já que são díspares as características dos poucos fabricantes à escala 1/24. Se neste particular e enquanto fabricantes das duas escalas, a Carrera fabrica modelos sem quaisquer apetências competitivas e ausência de material de evolução para os mesmos e embora a Scaleauto consiga reunir estas características, não consegue acompanhar em termos competitivos as criações artesanais, onde alguns dos fabricantes se mostram especialistas de topo. Por outro lado encontraremos a BRM e TTS que se localizam num patamar muito próprio, dados os modelos em que apostam.
Inicio esta abordagem então pelo fabricante Carrera, apenas por ser aquele que mais modelos de slot distribui pelo mundo. Sim, a Carrera é o maior fabricante mundial. Carateriza esta marca, o facto da enorme resistência dos seus modelos ao impacto, proporcionada por plásticos rígidos e grossos e ainda o extremo cuidado na reprodução dos modelos a mostrarem-se excelentes réplicas das máquinas reais, a que se somam os acabamentos de elevado nível. Claro que se tomam como características apreciadas por todos quantos oferecem uma pista às classes etárias mais jovens e sem experiência, já que a sua quase indestrutibilidade, permitirá o exagero de acidentes, natural de quem se inicia nas primeiras gatilhadas, ao mesmo tempo que a questão estética não é também descurada. Mas a sua resistência penaliza-os nos desempenhos dinâmicos, pelo que invariavelmente acabam por ser preteridos pelos experimentados pilotos, já que o habitual excesso de pêso não permite que deles se tire partido no capítulo das competições. Quando muito, aproveitar-se-ão as suas carroçarias adaptadas a chassis de fabrico 3D, para competições específicas.No entanto, não é invulgar verem-se os clubes a aproveitar as pistas deste fabricante para as suas competições oficiais, dado tratar-se de um plástico rígido e com as calhas com afastamento superior à média dos outros fabricantes, o que facilita as corridas na hora de tirar partido dos modelos de maior dimensão, à escala 1/24. Outro ponto a considerar, será a variedade de categorias e versões com que inundam o mercado, havendo contudo um défice, quando pensamos no mundo dos ralis. Esta categoria não tem colhido a melhor atenção por parte dos seus responsáveis.Com algumas caracteristicas similares à Carrera, encontraremos a Scalextric/Superslot e ainda a Scalextric/SCX.
Ainda que ambos apresentem grande resistência aos maus tratos, nenhum deles se encontra ao nivel da Carrera nesse particular, onde deflectores aerodinâmicos sobretudo, se mostram muito mais frágeis. Mas por outro lado, a maior dinâmica de que se consegue tirar partido em ambos os casos, deve-se à utilização de plásticos mais finos, a par de motorizações também mais performantes. Mas este ganho não fará de nenhum deles máquinas ganhadoras, mesmo quando preparadas ao limite, visto existir forte concorrência no mercado actual. Mas a Scalextric/Superslot já nos habituou à edição de variada gama de modelos do agrado de enorme número de praticantes e onde sobretudo, se conseguem resultados engraçados quando adaptados com outras mecânicas, onde os chassis de fabrico 3D se encontram tão em voga. Dirá ainda respeito a este fabricante, a capacidade de, a partir de um mesmo modelo, se conseguirem algumas variantes, partindo-se da mesma base em que se alteram alguns elementos.Como sua característica ainda, poderemos mencionar o facto da reprodução de algumas máquinas históricas, de banda desenhada ou ficcionadas, a serem trazidos ao campo da realidade através desta escala, onde cativará com toda a certeza, as camadas juvenis. A reprodução de realidades inimagináveis, são também aspectos possíveis neste fabricante, como é o caso deste Volkswagen carocha que surge com a simulação de ferrugem.
Quanto à Scalextric/SCX, trata-se do fabricante mais polivalente relativamente à quantidade de categorias que consegue trazer-nos.Provavelmente o mais ambicioso e criativo de todos os fabricantes existentes e que à imagem dos dois anteriormente abordados, tratam-se de mini-modelos capazes de aguentar maus tratos. A sua quase desnecessária manutenção nos modelos actuais, deve deixar a concorrência em pulgas.A ausência de fios condutores que transportam a corrente eléctrica da pista até ao motor, é sem dúvida uma mais valia quando se tratam de aprendizes na arte de brincar com este tipo de carrinhos. Já os expert vão preferindo abulir este sistema por substituição de convencionais cabos eléctricos.Para além de por vezes representarem a evolução de que alguns modelos terão sido alvo ao longo do seu percurso de existência, algo que muito poucos fabricantes se dignam realizar, é apanágio da Scalextric/SCX apresentar de quando em vez, revolucionárias criações. Relembre-se que é da sua autoria a criação da tracção às quatro rodas e respectiva evolução, braços do patilhão basculantes, assim como também e ainda, a introdução das suspensões nesta modalidade.Não são esquecidas as várias vertentes da velocidade e respectivas categorias, incluindo clássicos, bem como o mesmo vai acontecendo no mundo dos ralis. Mas distingue-se também este fabricante dos dois anteriormente abordados, por ser possivel aproveitar alguns dos seus modelos para a competição mais séria, alguns deles capazes surpreendentemente, ombrear com algumas criações das melhores produções feitas no mundo. São os casos dos ralis para modelos clássicos, ou até na modalidade dos TT, dependendo do tipo de piso em que ocorrerem as provas.Desenvolveram até uma série específica pensada na competição pura, introduzindo mesmo conceitos inexistentes, como o travão à cremalheira, no caso dos modelos da velocidade, proporcionado pela deslocação longitudinal do seu berço do motor. Para os ralis, um novo chassis com tracção integral por veio tanto à frente como atrás e ajudado por um braço basculante para o patilhão. Em ambas as modalidades, as carroçarias mostram-se bastante aligeiradas, tendo também recebido motorizações de altas prestações. Existiu ainda dentro deste mesmo conceito, uma série para os modelos NASCAR.
Noutros casos pouco mais servirão do que preencher o nosso ego e memórias, mas seja como fôr, é também uma abordagem que fica preenchida e que é bem vinda.
Das modalidades em voga hoje em dia, encontra-se o Rally Cross, e não terá também essa modalidade sido esquecida, com a edição dos fantásticos Audi. Ainda os americanos terão sido namorados, com a edição das belas máquinas do campeonato Nascar.
Grandes marcas e modelos a Scalextric/SCX nos tem trazido ao longo dos anos, absorvendo todo o tipo de categorias possíveis. Afinal, uma ambição que não os tem colocado no topo do slot de competição, mas posiciona-os num segmento de interesse que desperta muitos praticantes.Estivemos a referir três fabricantes que poderemos afirmar sem correr risco de engano, que se encontram na categoria dos carrinhos conhecidos no meio por RTR, ou seja, prontos a correr, na tradução de Ready To Run. Outro aspecto que deverá ser referido e comum aos três, é o seu valôr. Qualquer deles acaba por ser um belo compromisso, pois não necessitam de mais investimento inicial para que possamos desde logo começar a usufruir da sua condução e por um custo base muito razoável.
Fly é o nome de fabricantes sobre o qual mais me custa formular considerações. Tendo por mim sido uma marca quase endeusada, dadas as extraordinárias recriações que se dignaram a seu tempo oferecer-nos, acabariam mais tarde por me motivar um sentimento absolutamente contrário.
O deslumbramento veio através de tudo, do seu brilhantismo enquanto maquetas, até ás séries especiais, com algumas delas a atingirem valorizações absolutamente escandalosas e verdadeiramente inatingíveis para mim.
Os desempenhos mecânicos seriam já o ponto mais fraco, mas a fraca qualidade da concorrência, ajudava a disfarçar este aspecto menos conseguido. Depois, em tempos actuais, chegou a constactação de que afinal, hoje não servem mesmo para nada. Até o deslumbramento das suas carroçarias acabou abafado, dado o tremendo avanço que toda a concorrência foi assumindo.
Mais me entristece, quando a sua política de inutilidade se tem mantido, continuando a apoiar-se eternamente para as novas recriações, em moldes e conceitos por si tidos, que vêm já do passado século.
De uma fútil utilidade, poderão ganhar algum brilhantismo quando aproveitadas as suas carroçarias apoiadas noutros conceitos mecânicos de outras origens, já que tudo o resto poderá bem ser descartado, com motorizações que nada valem, pneus de borracha de qualidade duvidosa e chassis completamente básicos e dum plástico que já ninguém usa.
Mas na verdade nem tudo é tão redutor pela negativa, já que acabámos por vêr chegar até nós, alguns modelos ou versões que de outra forma seriam provavelmente impossíveis de os vêr desfilar frente aos nossos olhos.
Acabaram por ser reproduzidos dois Chevron que militaram em campeonatos portugueses, mais própriamente na prova de resistência de 3H, numa tradição que ocorria no longínquo ultramar, em terras de Moçambique e na sua capital da altura, Lourenço Marques.
Apesar da aparente recusa em se partir no presente para o patamar seguinte, a verdade é que no passado já o haviam feito e bem, com as séries Fly Racing.
Abandonadas porém essas apostas na competição, parece ser já tempo de serem um pouco mais ambiciosos e perceberem que o terreno lhes foge debaixo dos pés, muito embora tenhamos já visto este fabricante em piores lençóis do que aqueles que vivem presentemente.
Mas é verdade, o seu primeiro modelo clássico, o Ferrari 512S, teve o condão de despertar praticantes através do brilhantismo e glamour das suas linhas aliado à capacidade de fabrico que a Fly em tempo apropriado, tão bem nos soube trazer.
Não tivesse sido a ligação quase umbilical que me prende e penso que hoje, nem poderia olhar para este fabricante de modelos de slot, que mais não deveria ser do que fabricante de modelos estáticos de colecção.
A série "Fly Racing" abrangeu vários modelos e várias evoluções, cada uma delas com prometedor potencial.
Estranho também os pneus e a sua muito duvidosa qualidade, que ao longo dos anos, começavam a libertar um líquido oleoso, ao mesmo tempo que passavam a um estado verdadeiamente sólido.
Se o primeiro modelo deste fabricante foi o Dodge Viper branco que a imagem mostra, este acabaria por sofrer evoluções e veríamos chegar o Viper de Ni Amorim e também o de Pedro Lamy. Já o Saleen, é o carro que foi campeão de Espanha de GT's em 2002, tendo tido aos seus comandos Pedro Matos Chaves e Miguel Ramos.
O interior desta última evolução do Viper, encontra-se primorosamente detalhado.
Por fim, dizer que será quase incompreensível o facto de se manterem ainda hoje incluídos neste nicho de carrinhos eléctricos, já que naturalmente os seus fracos desempenhos os poriam fora do natural interesse que estes deveriam despertar.
Passemos então agora para a
Avant Slot. Trata-se de um fabricante espanhol com algumas boas produções, tanto no campo dos ralis, como dos Todo Terreno, onde conseguiram também abrilhantar o mundo dos slot car, quando introduziram os camiões de dois motores, em que um se destinava a traccionar o eixo traseiro e o outro, o dianteiro. Introduziram também a inovação dos três eixos e as suas seis rodas motrizes. Não tem conseguido sustentar as suas apostas, pois as suas inovações apoiam-se em projectos frágeis, sentenciados à nascença pelo fracasso, isto sobretudo no campo dos camiões. Não terão por isso sido muito bem sucedidos, mas valeu a intenção e a inovação.
Tem passado esta marca por altos e baixos no seu percurso, encontrando-se na actualidade numa fase de salutar progresso.
Quanto à restante gama dos TT's onde se enquadra apenas o Mitsibishi, pode-se afirmar que foi uma aposta ganha, ao ponto de ter sido na maioria dos regulamentos, banido de participar na categoria dos modelos "tirados de caixa". Essa obrigação posiciná-los-ía como alternativa, no mesmo patanar dos modelos artesanais, o que o devotou a um prematuro fracasso.
No mundo dos ralis, nunca conseguiu este fabricante supremacia convincente, contudo, a eficácia dos seus modelos fazia-se notar.
No capítulo dos ralis tiveram tanto os modelos de tracção traseira, como integral e terá sido no caso destes últimos, que mais se fizeram sobressair as suas glórias.
No campo da velocidade aventuraram-se também, se bem que a maior aposta recaíra nos modelos protótipos. Apresentariam chassis com um berço que sugeria alguma revolução. Dotados de um berço de motor munido de lâminas laterais em substituição das mais comuns molas para fazer de suspensão, estas eram reguladas na sua dureza através do aperto/desaperto dos pernos de que se encontravam dotados. Na prática, pouco efeito ou eficácia dali resultava, pelo que o sistema acabaria por resultar em fracasso e talvez a causa do quase abandono da produção dos modelos desta categoria. Lembrar que adoptariam pela primeira fez semi-eixos à frente, com a possibilidade de se conseguir por essa razão, criar camber nas rodas dianteiras. Acabaria no entanto por ser esta solução, privilégio único do modelo "Pescarolo".
Referir que a Avant Slot editaria ainda alguns modelos de série limitada, que se caracterizam pela totalidade da côr negra baça, representando modelos de testes de cada uma das marcas.
Em termos de balanço, dizer que tratando-se de modelos de custo elevado, não preencherão os melhores requisitos dinâmicos e consequentemente, pouca fiabilidade competitiva. Um custo/compromisso não muito competitivo, que se tornava num verdadeiro desafio para quem neles apostava. Em termos de maqueta/escala, garantidamente que se invertem as apreciações.
No geral muito boas reproduções, com uma pintura e decoração a todos os níveis, do melhor que se vê na actualidade.
O Ferrari 250 GTO de 1964 é um dos casos passíveis de amostragem, para que se percebam as diferenças de quando a marca era Monogram e como é na actualidade, já sob o nome de MRRC. Se repartem a mesma carroçaria, os seus chassis e conceitos mecânicos mostram-se absolutamente díspares.
Mas a sua mais actual política remeteu as suas produções para os plásticos, de onde saíram curiosidades em que outros não apostaram, a par de outras mais generalistas e interpretadas por variados fabricantes.
Hoje a MRRC integra-se nas produções de custos contidos, o que os posiciona no mundo dos modelos de slot para puro lazer, deleite visual ou puro entretenimento familiar, em pistinhas caseiras.