E como os slot cars fazem também parte da minha linhagem de desenvolvimento, este modelo 917 e de origem "Scalextric", acabaria por fazer parte do lote de primeiros modelos por mim adquiridos. Foi um verdadeiro cavalo de batalha que serviu verdadeiras guerras em pistas de garagem, onde por exemplo, o cheguei a envolver em corridas contra o Mercedes C111 do mesmo fabricante e que era propriedade do internacionalíssimo basquetebolista português, Carlos Lisboa. Ainda por cá, por terras europeias, serviu para alimentar durante alguns anos, corridas que continuariam a ser de garagem. No entanto, o natural exagero de uso, a fazer lembrar à imagem real a extrema resistência dos Porsche, acabaria por resultar em mazelas que o acabariam por encostar definitivamente.
Felizmente, a reedição desta vedeta por parte da associação entre SCX e Altaya, permitiu que as sobras do meu glorioso 917tivessem dado para um renascimento ousado.
É claro que no entretanto, surgia uma belíssima réplica deste herói germânico por parte da Fly e que me encheria as medidas, muito embora hajam reparos a apontar. Mas a sua qualidade é significativa, o que ofusca pormenores de menor agrado. Muito recentemente, esta mesma máquina chegaria através da produção da NSR, em mais uma excelente reprodução mas igualmente com pontos críticos que poderiam ser alvo de análise. Mas no computo geral, tanto a versão da Fly como a da NSR, abrilhantam qualquer estante ou pista onde possam desfilar.
Mas o que aqui me traz a escrever, um pouco por culpa também da falta de novidades a anunciar por parte dos fabricantes, é o aproveitamento dos restos mortais do velhinho Scalextric. A reedição do mesmo, serviu par surripiar alguns dos elementos que na velha glória se haviam verdadeiramente tornado peças irreparáveis, tal como os vidros e até a perda dos faróis. Um chassis partido no encaixe do eixo traseiro, não deixava outra solução que não o aproveitamento do da réplica. E posto isto, havia pela frente duas mãos cheias de trabalho, se se quisesse apróximar a versão original, à do modelo que eu pretendia reproduzir. Vontade ao rubro, arregaçadas as mangas, lá parti para uma tarefa que o pretendia apróximar da realidade, mas ao mesmo tempo proporcionar-lhe algum dinamismo melhorado.
Em cima, da esquerda para a direita, os modelos da Fly, Scalextric e NSR.
A traseira original foi quase toda recortada, fazendo-se apenas o aproveitamento da parte central do mesmo, já que esse sector do 917, é o que verdadeiramente se transformou na evolução sofrida do ano de 1970 para 1971. A parte superior dos guarda-lama traseiros passaram a encontrar-se quase ao mesmo nível da parte central, o que na versão de 1970, representa uma substancial diferença entre ambos. Depois, com o recurso a balsa, por uma questão de peso, começou a modelação das correspondentes linhas onde me permiti igualmente, proceder à alteração das medidas da largura do mesmo, proporcionando dessa forma encaixar posteriormente jantes e pneus mais largos do que os originais. Para esse fim, optei pelas rodas traseiras do Tyrrell de 6 rodas, duma produção igualmente de reedição através das edições Altaya. E claro, as duas derivas verticais haveriam de ali ser também plantadas.
Fly
Scalextric
NSR
Repare-se na imagem de baixo, em como as reproduções tanto da Fly como da NSR se encontram erradas no que respeita à diferença de alturas na sua extremidade, entre a parte central do capôt traseiro e a parte correspondente aos guarda-lama. Na versão transformada, a correspondência com a realidade ficou muito mais aproximada.
Existe no entanto algum exagero no que respeita à largura da via traseira, mas mais por culpa de se tratar de um modelo originalmente estreito em termos de escala.
A pintura foi depois feita totalmente a pincel e sem recurso ao uso de qualquer máscara. A faltar ficariam todas as inscrições e logótipos da Martini, pois tratava-se para mim de tarefa impossível, bem como as riscas mais finas a azul escuro e que deveriam constar nas faixas azul mais claro. O chassis não chegou a ser sequer pintado, pois a ânsia do o pôr em pista, acabaria, em paralelo com o desânimo causado pela quebra de uma das derivas verticais, dada a fragilidade da balsa, por definir a finalização definitiva desta transformação.
Em baixo percebe-se a quebra da deriva, uma lascadela na extremidade que permitiu ficar com a balsa à vista, fruto de exageros de pilotagem e ainda o material a rachar pela zona onde a carroçaria original foi cortada, isto já por culpa dos anos que foram passando.Em baixo, uma comparação entre a versão Altaya que serviu para retirar acessórios e a versão transformada.
Repare-se que da versão original para a réplica da versão vencedora das 24 Horas de Le Mans de 1971, o posicionamento dos tampões de combustível e dos lubrificantes passou para posições opostas, um pormenor que não me terá passado despercebido.
Entre estas duas imagens, percebe-se como as diferenças de altura na parte central do capôt traseiro, são substanciais.
Esta transformação permitiu que os pneus passassem a ser mais largos, o que melhorou substancialmente o comportamento dum carro que já por si funcionava muito bem. É claro que não o poderíamos nunca sujeitar a uma comparação com versões mais recentes e actualizadas tecnológicamente, mas no contexto onde poderá ser enquadrado, as melhorias, para além das estéticas, foram consideráveis.
917, uma verdadeira paixão que não é esquecida também nas escalas de modelos mais reduzidos.Nesta estante, encontram-se reunidas muitas das versões do modelo 917 da Porsche.