Um modelo que não havia sido ainda alvo de assunto por aqui, é a recente criação do fabricante italiano
NSR, o Porsche 917/10, a grande máquina germânica que causaria estragos no seio do bem sucedido campeonato norte americano de Can-Am e que através da sua evolução, acabaria mesmo por ser o causador da extinção desse campeonato, pelo insolente domínio que acabaria por exercer.
Causa alguma estranheza o primeiro impacto visual, por fugir em demasia às dimensões relativas à escala 1/32. Não será já novidade para ninguém que a NSR não gosta muito de cumprir cotas traduzidas à escala, por privilegiar de sobremaneira os desempenhos dinâmicos das suas criações. E assim sendo, parece neste caso até gritante a fórmula que seguiram nessa procura, acabando por desproporcionar demasiado a sua imagem.
Na distância entre o eixo traseiro e o patilhão, conseguiram manter uma equivalente distância relativamente à criada no Porsche 908/3, o que acaba por se tornar numa espécie de garantia de desempenho, visto ter essa versão demonstrado já essa extraordinária característica, que é a de ter uma das mais excepcionais frentes que conheço. Mas poderá encontrar no imenso aileron um verdadeiro adversário quando comparado com o mesmo modelo. Se poderá ganhar pontos ao 908/3 na questão da frente, por se mostrar mais largo, a traseira poderá levá-lo a perder sériamente, pela descompensação que dali poderá advir. Na tentativa de minimizar esse possível prejuízo, a NSR rapou um pouco à carroçaria que deveria existir para além do eixo traseiro.
Mas este 917/10 colhe uma vantagem bem importante. O desenho das cavas das rodas traseiras de formato redondo a acompanhar o desenho da roda, acaba por apresentar folga suficiente para que se explore ao limite a largura da sua carroçaria. Já no 908/3, estas acabam por ter de ser mantidas um tudo nada dentro, para que não tranquem na carroçaria, sobretudo porque temos sempre de ajustar a basculação do chassis, de modo a que exista sempre alguma oscilação entre o conjunto chassis/bancada do motor e a carroçaria.
Poderá tirar-se muito mais partido da frente do do 917/10, na hora desta servir de apoio na superfície da pista.
E nas rodas poderemos encontrar outra grande vantagem. Se normalmente para a sua série de modelos clássicos e de origem, o piso dos pneus é representado com o desenho das nervuras do seu piso, estes mostram-se agora, ainda que existentes, quase nulos, o que permite um muito maior aproveitamento, desde a saída da caixa para a pista. Mas é na nova largura apresentada, que se colherá um grande benefício, talvez até capaz de anular a enorme medida do seu aileron. Além disso, o seu menor diâmetro ajudará também a melhorar o nível de atracção magnética à pista. É verdade que quando preparados os brinquedos, algumas das vantagens que aqui se referiram acabarão por se anular, mas para os menos ligados às preparações e suas evoluções, poderão contar no imediato com grandes benefícios dinâmicos.
Tratando-se de um modelo dotado de um chassis de formato próximo do quadrangular, permite uma melhor distribuição de pesos, colhendo por isso melhorados desempenhos.
E que referir da sua carroçaria?
Editado uns bons anos antes e pelas criações da Fly, vimos surgir esta mesma sigla da Porsche. A sua bela reprodução de origem espanhola, permite-nos tê-lo como bitola comparativa entre ambos. E se reparamos, o aileron deveria encontrar-se substancialmente mais elevado relativamente à carroçaria, sendo perceptível também a falta de pormenor, por exemplo nas várias tomadas de ar existentes pela totalidade da carroçaria, mais fazendo lembrar um carrinho dos chineses, do que propriamente estes para qual foram destinados e a que já nos habituámos à existência de alguma qualidade.
O formato da abertura do habitáculo, encontra-se mesmo ridículo nesta nova criação. Larga e excessivamente curta, desfigura em grande medida a bela imagem que este modelo deveria ostentar.
Repare-se na também ridícula altura do seu aileron
Estas duas imagens permitem também perceber como deveria estar bem representada a cava das rodas traseiras. No modelo Fly, é perceptível a existência de uma pequena aba que a circunda. Na versão da NSR, simplesmente desapareceu, provavelmente porque assim, lhes permitiu levar a largura da carroçaria ao limite. Caso contrário, mais larga ficaria.
Atente-se agora à medida que deveria existir no capôt traseiro para além do eixo traseiro e bem representada na versão da Fly e a que foi efectuada pela NSR.
As gritantes diferenças de dimensões, estão aqui bem demonstradas nas suas larguras. A versão da NSR mostra também que o limite frontal do habitáculo termina quase no alinhamento das portas, quando deveria acontecer muito mais à frente.
Até parece que um, não tem nada a ver com o outro, mas na verdade ambos versam o mesmo Porsche 917/10. Mas quando o tema é a competição, bem, eventualmente estaremos perante um dos mais sérios opositores das máquinas da Thunder Slot.