terça-feira, 20 de agosto de 2019

Antes de desaparecer, houve tempo de criar uma boa peça - Falcon Slot Car

 Falcon Slot Car, é a marca de um fabricante que teve uma existência fugaz. Ou pelo menos temos fortes indícios de que assim tenha sido. Mas houve tempo para dentro das suas variadas criações, de nos fazerem chegar um valioso set com base nos Porsche 924 oficiais que participaram em Le Mans no ano de 1981.
 Tratavam-se de carros distintos e integrados em Classes diferentes, onde o Porsche com o número 1 se encontrava inscrito como um Porsche 944 LM e integrado na Classe GTP +3.0 e o que surgia com o número 36, era inscrito como sendo um Porsche 924 Carrera GTR e fazendo parte da Classe IMSA GTO e onde o primeira se encontrava equipado com uma motorização de 2,5L Turbo I4 e o segundo, com um motor de 2,0L Turbo I4.
 E se o modelo GTP alcançaria um brilhante sétimo lugar à geral, o segundo conseguia um não menos brilhante décimo primeiro lugar, sagrando-se ambos vencedores das suas classes.
 Mas as reproduções destas preciosidades contemplam algumas falhas que não escapam aos verdadeiros apreciadores deste modelo. E o que mais choca no brilhante visual que estes modelos apresentam, é o formato das cavas das rodas, sobretudo ao nível do eixo traseiro. Estas cavas surgem na miniatura completamente redondas, o mesmo acontecendo nas cavas frontais, o que não condiz com a versão verdadeira em que sobretudo atrás e na parte superior das cavas, deveria cobrir substancialmente as rodas. Assim, estas surgem totalmente a descoberto.
 Surgem nas miniaturas e abaixo do pequeno spoiler traseiro preto que contorna o óculo traseiro, uma boca de abastecimento de fluídos, mas na realidade esta secção do carro é completamente lisa e isenta de qualquer bocal de depósito.
 O existente gancho do reboque traseiro acabou por ser mal posicionado, já que embora do lado correcto, deveriam encontrar-se integrados a meia altura do pára-choques e não abaixo destes.
 As frentes apresentam diferente aparência, o que os aproxima da realidade. Mas a verdade é que se no modelo 36 com faixa verde a sua representação se encontra correcta, no modelo 1 usou-se um subterfúgio para nos enganar. Aqui na escala 1/32, pintou-se parte da mesma frente a preto e assim se fica com a ideia da correcção da sua reprodução, mas na verdade, esta secção era mesmo diferente da do modelo 36 e por isso, a pintura negra naquele formato no modelo verdadeiro constituía na verdade uma muito maior abertura de arejamento para os radiadores e arrefecimento dos travões.

A imagem inferior é bastante elucidativa quanto a verdadeira forma das cavas das rodas e o quanto deveriam cobrir as rodas.


 O formato dos retrovisores será talvez o que mais críticas nos merece, pois não correspondem em nada, à reprodução que deveriam apresentar.




 Outra diferença de que poucos se aperceberão, prende-se com a tomada de ar existente no capôt, para ajuda da alimentação dos motores. Se na versão verde esta se encontra bem posicionada, na versão amarela, embora de formato igual, deveria encontrar-se mais avançada, mais próximo do limite frontal do capôt.



Apesar de tudo, tenho de tirar o chapéu a esta criação, já que surge com qualidade considerável e numa apresentação soberba, para além de únicos no seio dos slot car e onde inclusive nas bases de apresentação destes modelos não falta o nome do seu principal sponsor "BOSS" e ainda dos restantes mais pequenos. E apresentados numa embalagem transparente que integra ambos, formam um pack bastante curioso e já de si totalmente original. O pior de tudo, é que já não será fácil conseguir-se esta soberba peça de colecção

domingo, 18 de agosto de 2019

Escala 1/24 está de volta?

 Nos anos 60 do passado século, a escala 1/24 representava o top do mundo dos slot car. A decadência da modalidade não terá no entanto chegado à extinção, fruto da existência da escala 1/32, que apoiada em mais baixos custos em que apostariam marcas como a Scalextric, Polistil, Policar, Carrera, acabaria-mos por ver durante algumas décadas os slot car a sobreviver.
 Já perto do século XXI, a modalidade assistiria a um boom, através do aparecimento de novos fabricantes que trouxeram apostas vencedoras para o mercado, sendo que a grande maioria destes novos colonizadores acabariam por surgir na vizinha Espanha através da Ninco, Scaleauto/MSC e Avant Slot e da italiana Slot.It. A modalidade receberia mais tarde o contributo de uns quantos fabricantes mais, mas que também por força da conjuntura económica mundial, acabariam os menos fortes por desaparecer.
 E surgiam já no presente século as primeiras iniciativas de penetração do mercado através da regressada escala 1/24. Terá sido a Scaleauto a grande reponsável pelo incremento dessa escala, já que os até aí existentes, como a Plafit por exemplo, se confinavam a um mundo extremamente restrito. O fabricante Revo Slot embora mantendo-se ainda na escala raínha, avançava com um conceito de chassis metálico que aproxima os seus modelos da escala dos de maior dimensão, mas numa espécie de teste de mercado, já que tenta perceber a aceitação dos conceitos dos modelos maiores, mas nos mais pequenitos. Apesar das belas obras até nós chegadas pelas suas produções, o resultado parece não ter atingido os anseios desejados.

Mas apesar da timidez com que penetrou no mercado, parece-nos estar a ser o trabalho da BRM, aquele que mais frutos estará a dar e que tendo começado com alguns modelos do Grupo C, nomeadamente do campeonato IMSA, foi pulando de galho em galho com apostas que se diversificaram e que vão desde os modelos GT1 ao Troféu Megane e onde não foram até esquecidas as motos da categoria Sidecar, parece que acabariam por acertar no centro do alvo, quando através do desafio feito por um clube Norte Americano para a criação dos modelos de uma das mais queridas categorias da terra do Tio Sam, os Muscle Car e que acabaria por se estender a verdadeira passadeira vermelha.
 O êxito comercial foi imediato e acabaria por abrir a "pestana" a este fabricante, que percebia no imediato os nichos de interesse dos mercados e para onde deveriam começar a apontar as baterias. Embora se tivessem ficado neste desafio pelo Chevrolet Camaro SS e pelo Ford Boss 302 Mustang, a sua produção contemplaria várias decorações.

"Mas se o mercado Norte Americano tem as suas pérolas, o europeu tem um manancial de preciosidades" - terão os responsáveis por esta marca pensado.
Não temos por cá a nata do desporto motorizado que foi encantando e revolucionando o desporto motorizado mundial? Foram um encanto as décadas de 50, 60 e 70, onde as grelhas de partida se recheavam de fantásticas máquinas de Grupo 2 que proliferavam por toda a Europa. Pois se foi hora de disso se recordarem, não haveria então tempo a perder. E surgiam assim os primeiros encantos para os europeus, com os NSU TT e os Simca 1000, os pequenos 1300 que se guerrearam por todo o  território europeu, e que passariam assim a brilhar também nas pistas de slot.
 O encantamento foi geral, o que obrigou o fabricante a expandir o número de decorações, mas sobretudo a pensar em diversificar os modelos desta categoria. Afinal, acabaria por ser um verdadeiro tiro na muche.
Surgiriam depois outros dois verdadeiros ícones europeus, o Fiat 600 Abarth, com o seu inconfundível capôt aberto por onde saem os colectores de escape e o Mini Cooper S, modelos que brilharam através da conquista de vários títulos nas competições onde militaram.

 E estas novas apostas vieram confirmar o êxito que estes pequenos guerreiros colheram no seio dos praticantes e da modalidade.
E foi hora do arrojo dos criadores da BRM ir mais longe, acabando por nos fazer chegar uma das máquinas europeias mais marcantes de sempre, já que o seu percurso arrasta êxitos em tudo o que é desporto motorizado de quatro rodas.
 Chegou o anunciado e esperadíssimo Ford Escort MK I, um modelo que acumula paixões, anunciando-se agora outras vedetas como o Opel Kadett, BMW 2002 e Alfa Romeo 1750. E é claro que com estas máquinas encima da mesa, o poder da escala 1/24 parece ter tido um exponencial crescendo de interesse. E venham lá as prometidas máquinas e outros praticantes se juntarão para fazer relembrar corridas dos "bons velhos tempos". E porque não dizer, que belo renascer da escala 1/24...

domingo, 11 de agosto de 2019

Opel Calibra, o quarto elemento.

Enquanto a Slot.It não satisfaz os anseios dos "Mercedistas" com o prometido 190, eis que chega ao mercado o quarto Opel Calibra, desta feita correspondente à versão conduzida por Alexander Wurz em 1996, no incrível campeonato destinado aos modelos DTM.
 Dotado de uma decoração que poderá ser controversa relativamente aos vários conceitos estéticos, contribui contudo para o aumento do colorido nas provas a eles destinadas.
Esta versão mostra-se exactamente igual há já anteriormente editada sob as côres da "ProMarkt", onde para além da frente surgir com novas tomadas de ar, adopta ainda nos alargamentos da carroçaria das vias traseiras, tomadas de ar suplementares.

 E se nos Alfa Romeo começámos já a ter uma avantajada família, no caso dos Opel parece estar-mos a seguir exactamente as mesmas pegadas.
Já começamos a sentir a falta dos Mercedes...

Mais um LMP - Slot.It

 É verdade que será fácil poder-mos chamar-lhe Mazda. Esta edição da Slot.It vestida com as côres "Renown", patrocínio que marcou a primeira vitória em Le Mans duma marca japonesa através do Mazda 787B, presta-se a alguma confusão com esse histórico nipónico, ao que se acrescenta no próprio modelo a inscrição Mazda. Mas na verdade encontramo-nos perante um Lola B12//80 que na realidade terá participado em Watkins Glen equipado de uma motorização Mazda. Mas afinal, ainda que as côres correspondam, o patrocínio da Renown não existe.
Assim sendo, estamos afinal a vêr o Lola já anteriormente editado por este fabricante, ao que se juntam apenas três pequeninas diferenças. Trata-se de mais um modelo a engrossar a categoria dos LMP, mas que tão esquecidos têm estado a ser, no seio dos slot car.
Em baixo, o verdadeiro Mazda, com as mesmas côres e decoração.

 Os três Lola B12/80 até agora editados e afinal, vestidos com três icónicas referências decorativas.
 A imagem de cima mostra a diferença existente entre as tomadas de ar existentes acima da capota, tendo esta passado agora a ser de formato rectangular.
A imagem inferior permite observar-se a nova tomada de ar, agora em forma de tubo arrendado, na parte superior da carroçaria e mesmo antes da cava da roda traseira.

 Já nestas duas imagens, torna-se possível ver-se no flanco lateral, uma nova abertura na carroçaria e até agora inexistente nos Lola anteriormente editados.
Quanto ao resto, tudo como dantes...

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Slot Racing Company e o Porsche 914

 A Slot Racing Company tem tido um percurso interessante, não tanto pelas suas produções se fazerem notar como máquinas competitivas, mas sobretudo pelas surpreendentes apostas que tem vindo a fazer em modelos de relevante interesse. E o Porsche 914 e 914/6, correspondendo a versão de 6 cilindros a uma carroçaria alargada ao nível de ambas as vias, são bem disso exemplo. E estas criações de série, encontram-se de facto brilhantes enquanto maquetas, mas a fazer lembrar os Fly enquanto carros de pista, com material de fraca qualidade e de performances duvidosas.
 De linhas brilhantemente conseguidas, as versões de competição conseguem desse modo uma imagem absolutamente cativante.
 Além disso, foram trazidos até nós versões historicamente importantes, onde, apesar de não ser retratado nenhum modelo que tivesse obtido vitórias absolutas, marcaram uma posição notável por se tratarem de modelos teoricamente inferiores nas provas onde pautaram a sua participação pelo êxito.

Mas ao que parece, chegou a hora deste Porsche de "classe inferior", marcar agora a sua glória no mundo dos slot car. Para isso, terá a Slot Racing Company em parceria com a Original Slot Car, lançado no mercado um "upgrade" que os possa tornar competitivos neste mundo.
 Para este projecto, foi-nos apresentado um chassis absolutamente novo e preparado para receber motor de caixa grande em linha, o que desde logo nos obriga a retirar o interior original, substituindo-o por outro em lexan, que o fabricante teve o cuidado de também disponibilizar. Mas este chassis encontra-se também agora apto para receber suspensão no eixo traseiro, através dum conceito similar ao adoptado no Peugeot 205 Turbo 16 da Original Slot Car. O eixo não tem qualquer apoio no chassis, fazendo-se esta fixação através de bronzes duplos, onde um dos encaixes desliza sobre a ranhura existente no chassis, cabendo à outra ranhura do bronze, receber o apoio em que a mola do conjunto permitirá o jogo de suspensão.
 Mas aqui começam os problemas. Fazer este conjunto funcionar, não parece tarefa imediata, já que a suspensão não funciona bem e tranca, o que obriga a algum trabalho de lima ou lixa para que o conjunto nos comece a convencer. Mas este nem sequer é o início dos problemas, porque aquando da aquisição deste conjunto, constactamos que nem bronzes, nem molas, nem patilhão, nem motor, nem eixos, nem jantes, nem pneus, nem cremalheira, nem eixos fazem parte do conjunto, o que nos obriga desde logo a tentar procurar os restantes acessórios, muitas vezes sem o êxito pretendido. Mas atenção, porque carroçarias é coisa que parece já não se disponibilizarem, o que nos valerá o facto de termos tido o cuidado de as ter adquirido antecipadamente, ou que tenhamos um 914 na caixinha para o descascar.

 E como o patilhão era dos acessórios que não constava do conjunto adquirido, pareceu-me bem socorrer-me de um avulso da mesma origem. Experimentados dois, percebi rapidamente que também aqui o funcionamento não era imediato. Aquando da fixação deste através do parafuso de que se faz acompanhar, o espigão alarga ligeiramente e este deixa também de girar livremente no orifício a ele destinado no chassis. Até aqui, parece-me que todo este propagandeado desenvolvimento, terá sido muito mal elaborado.

 Do conjunto fazem parte dois acessórios de fixação na carroçaria e que permitem a redução dos originais quatro apoios de fixação da carroçaria ao chassis, para apenas dois. E com estes montados, era hora de acoplar este novo chassis à carroçaria. E quanto às carroçarias, poderemos também acrescentar algo que só abona em desfavor deste fabricante, caso estas tenham sido adquiridas em kit. Se não na totalidade, pelo menos na grande maioria dos casos, existe a falha de um ou outro elemento, ou até de vários dos elementos que complementam as mesmas. É com alguma vulgaridade que percebemos a falha ou de faróis, ou de fechos do capôt, ou dos puxadores das portas, sendo que falta quase sempre uma placa que nos kit's vem substituir a rede que faz parte dos modelos de série e que cobre a simulação do seis cilindros deste modelo, situada mesmo por trás da cabeça do piloto.
Mas montado o chassis na carroçaria, percebe-se que passamos a ter dificuldade em encontrar pneus à largura indicada para o eixo posterior. Os vulgares "Scaleauto/Spirit", não cabem, porque batem tanto no chassis como na carroçaria. O mesmo acontece com os pneus do próprio fabricante, a menos que os prometidos pneus que estão para chegar, já resolvam esta questão. Depois de muitas tentativas, lá encontrei uns de origem desconhecida, que acabaram por ocupar o lugar que lhes foi destinado, mas sendo obviamente um pouco mais estreitos do que os mais comuns destinados à competição.
Mas vista a máquina de lado, percebemos mais um erro de projecto, que embora não comprometendo as performances, contribui para uma imagem menos feliz. As rodas traseiras deixaram de estar centradas relativamente à cava das rodas, tendo passado a estar muito próximas do limite traseiro, o que poderá eventualmente causar dano, no caso de se tentar montar um pneu de perfil mais alto.
E sendo um pouco desagradável esta opção de se tentar evoluir o modelo com o tão propagandeado chassis "evolução", optei por desenvolver este modelo tão apreciado por mim, por outras vias. E parti para um chassis de origem portuguesa das tão populares criações 3D ao que me pareceu interessante o projecto desenvolvido pela Olifer.
O conceito é substancialmente divergente, indo mais ao encontro das criações Slot.It. Trata-se igualmente de um chassis para motor de caixa grande em linha, mas aqui acoplado a uma bancada independente do chassis. Esta bancada nascida sob os mesmos princípios da Slot.It, é contudo mais interessante no conceito do eixo traseiro, pois um só berço faz as vezes dos Offset's todos que o fabricante italiano apresenta. Isto porque, o bronze é montado no local próprio, mas consegue-se fazê-los subir ou descer de acordo com o nosso interesse, através da utilização de pernos tanto pela parte interior como exterior do berço. Convenhamos que não é tarefa muito fácil este acerto, mas sobejamente compensador. Podemos também socorrer-nos das suspensões de origem Slot.It para melhorar eficazmente o trabalho de basculação entre o berço e o chassis.
E postos ambos os chassis lado-a-lado, percebe-se o quanto recuado ficou o eixo traseiro no novo chessis desenvolvido pela SRC/OSC, num claro e inadmissível erro.
 Estas duas imagens são bem elucidativas relativamente ao desacerto entre a roda e a cava da carroçaria.

 E estas duas permitem ver como no modelo laranja equipado com o chassis Olifer, se consegue um rebaixamento por todo, da carroçaria.
Parece-me que todo o alarido feito à volta deste pretensioso projecto, acaba por ser um mau trabalho por parte de quem poderia já ter mostrado um desenvolvimento exemplar. Escandaloso, diria, um mero "artesão" conseguir tamanha superioridade, mas os testes em pista ditarão o resultado final, assim arranje pneus iguais para dessa forma se conseguir a maior honestidade comparativa.