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domingo, 15 de janeiro de 2012

SCX - Considerandos

O fabricante espanhol Scalextric/SCX, assumidamente tido hoje em dia pela generalidade dos praticantes como um fabricante ultrapassado, não poderá ser analisado exclusivamente, pelo grau de preparação que os seus modelos apresentam e nos trazem para a pista.
Aliás, esse poderá ser um ponto até polémico, pois trata-se de imediato de um aspecto amplamente subjectivo. E para começar, talvez seja um dos poucos produtores de modelos de Slot, em que o grau de equilíbrio dentro das mesmas classes, mais se faz notar.
Um segundo aspecto que poderia ser valorizado e como nota de abaixamento de custos, é exactamente a falta de material para o seu desenvolvimento, o que cria desde logo uma muito maior equidade entre modelos e preparações, o que pode hoje ser visto como uma vais valia que contraria a panóplia de equipamentos e fabricantes, apostados em desenvolver de modo contínuo, uma infinidade de acessórios que para além de fazerem disparar custos, nos obrigam ainda a um muito maior envolvimento de tempo em necessários testes de desenvolvimento das máquina.
 Também a sua própria política de fabrico, mais orientada para um consumo caseiro, talvez não justifique grandes apostas tecnológicas nem envolvimentos avultados que desvirtualizem os seus próprios princípios. Está também provado, que os modelos de sua produção são duráveis e funcionais, independentemente do tipo de pista ou prova a que se recorra. Bons modelos de TT capazes de um ecletismo notável, modelos de rali que ultrapassam a generalidade das dificuldades  e ainda modelos de velocidade, que poderão passar pelos simples turismo ou GT's, até aos Formula e Sport Protótipos, todos eles demonstrando um notável equilíbrio enquanto modelos praticáveis de imediato, ou seja, RTR como hoje se usa dizer, siglas de Ready To Run, cuja tradução mais não quer dizer do que, pronto a correr.
 E se assim é, a colheita de frutos pode muito bem acontecer através da diversidade em que notavelmente poderão apenas ser acompanhados pelo fabricante Carrera, A sua variadíssima aposta tem-nos trazido não só os modelos que nos vão encantando na actualidade, mas também gloriosos modelos clássicos que nos vão por vezes refazendo memórias perdidas e trazer aquele modelo que julgava-mos eternamente desaparecidos para o Slot.
 Será talvez época, até porque o presente tempo de austeridade talvez o comece a justificar, de olhar-mos para o Slot através de apostas que passem por soluções menos onerosas, equilibradas e acessíveis. A gama de modelos apresentada pela SCX é imensa, o que por outro lado facilitaria uma muito maior diversidade de modelos apresentados por prova.
 Essas apostas têm ainda a vantagem de abordar quase todo o tipo de provas, desde as mais populares, como os ralis ou F1, até às menos comuns como os WTCC e até aos modelos da Nascar, muito pouco popularizados pelas bandas europeias, mas também aqui muito bem explorados pela SCX.
Em experiência ocorrida cá por Braga, em que se chegou a realizar um campeonato de WTCC, posso adiantar que se tratou de um êxito. Referir no entanto, que não se tratavam de modelos no seu mais puro estado de originalidade, já que os amantes da velocidade exigiram motores de caixa pequena do fabricante Slot.It, podendo-se ainda para aquele campeonato, recorrer a material de aperto no eixo de trás e pneus P1 também da Slot.It. Mas a experiência valeu e se o grau de exigência não for levado ao extremo, os motores RX42B, poderiam muito bem ter passado pela solução.
E quem fala nos WTCC fala também nos Formula 1, que teve também a honra de mais do que uma experiência. Estes modelos no entanto, registaram alguma fragilidade ao nível da rodas frontais, cujo sistema de encaixe se deteriorava com alguma facilidade. Os motores aqui utilizados, já eram opção própria, desde que da própria marca, o que nos levou a recorrer ao que considerássemos a nossa melhor opção dentro da série RX.
É claro que hoje, com o desaparecimento da série RX que deu lugar à nova série RK, que ao que parece se tornaram mais performantes, outros cuidados haverá que se assumir, de modo a não se gerarem indesejadas disparidades.
Portanto meus amigos, com algum crer e imaginação, talvez estes "desusados" modelos possam de novo ter uma estatuto condigno dentro da modalidade. Preço acessível, baixo custo de manutenção, equilíbrio entre máquinas, que mais poderemos pedir para a criação de campeonatos de garantido êxito?
E já repararam que enquanto liam o artigo, foram passando sempre os olhos por modelos deste fabricante e todos Ford?
Variedade não falta, isto é um bom sinal......

12 comentários:

  1. Essa "simplicidade" é exactamente o que faz deles os meus eleitos. A simplicidade e contensão de custos são exactamente o que o defendo nos slots. Quanto mais dispendioso mais "elitista" e menos acessível e popular.

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  2. Concordo com todo o conteúdo desta mensagem, ao qual acrescento o gozo que me deu no rali das vindimas há 3 anos atrás ter entrado com o meu velhinho Cordoba em PWRC e ter ficado a meio da tabela. Isto com um carro que já tinha 10 anos em cima, há cerca de 6 ou 7 que não era "mexido" e em que até os pneus já estavam "vidrados".

    A evolução tecnológica deve existir e deve traduzir-se em soluções de mercado, acessível ao comum dos mortais.

    No entanto confesso que em muitas vezes deparo-me com elevados graus de divertimento com soluções simples e sem grande evolução tecnológica.

    Ao fim e ao resto deveria de haver um maior equilíbrio nas preparações. Acho que a mensagem inerente a este post também vai nesse sentido. Às vezes complica-se sem necessidade. "Ah porque o carro de caixa foge muito de frente ou muito de traseira". Exacto. Aí é que reside a arte do piloto em segura-lo e mesmo assim manter-se na frente do pelotão.

    Afinal, o que é um carro de rally que não dá umas atravessadelas? Eu por exemplo valorizo mais isso do que se ele passa ou não passa em determinado pico do traçado (sem aqui querer minimizar os excelentes obstáculos que Mestre Emídio aplica na construção dos seus traçados!).

    Eu acho...

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    1. Eu não diria melhor. Por mim faço questão de mudar apenas pneus e patilhas (ou escovas). Até porque se gastam. Já retirei e coloquei muitos motores para limpeza do chassis e nunca se partiu nenhum. Como diz, a beleza dos rallys são umas boas atravessadelas.

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  3. A economia da preparação dos modelos SCX pode ser enganadora.

    É certo que não há chassis com diferentes graus de dureza, nem chassis evolução, nem berços de motor em diferentes posições...

    Mas, em contrapartida, uma quebra de uma parte do chassis, e a qualidade do plástico não é das melhores, implica esquecer esse carro, ou comprar outro igual para retirar o chassis...
    Ou então o facto de existirem 3 ou patilhões diferentes também não ajuda.

    De resto, gasta-se dinheiro em eixos, jantes, cremalheiras, bronzes, pinhões, pneus, etc.

    Correr com outros carros não fica mais carro, pelo contrário, é preciso é que os organizadores assumam que correr com modelos com grande parte do material de caixa e ficam tão ou mais baratos que os SCX.

    Dou um exemplo, a recente resistência com os Racer no GT Team, com carros a que só se mudaram os pneus, andaram-se em tempos de 8.2 segundos, algo impossível com um SCX.

    Boas corridas

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  4. Boas.

    Ora lá está. Na questão do chassis concordo com o facto de serem de difícil reposição, no entanto (e eu já massacrei alguns em experiências pouco aconselháveis) os mesmos não me parecem piores que muitos que andam aí a partir-se aos bocados e a custarem "meio carro". Relembro o meu célebre cordoba "Camera Car" que não tinha mais que 50% do plástico do chassi e no entanto não empenou nem partiu nas cambalhotas que deu para filmar pistas e troços (um carro com quase 10 anos de idade!!).

    Já se falarmos em Spirits, em NSRs de chassi mais ou menos mole, ou mesmo de Flys... Os chassis caputes.

    Quanto à segunda parte acho que lá está, estamos a cair outra vez no mesmo. Para quê eixos, jantes brilhantes e pneus fumegantes? O material de série era o material que se usava há 10 anos atrás e um gajo divertia-se pra caraças. Claro depois há uma ou outra solução de bricolage ou não. À parte de eventuais empenos no chassis que facilmente se resolvem com àgua a ferver e meia dúzia de imans, não vejo porque não haver provas com carros destes.

    Aliás há 10 anos atrás parece-me que a filosofia dos regulamentos estava orientada dessa forma. Campeonatos simples e baratos para atrair novos praticantes, e campeonatos mais técnicos para os "Pros". Entretanto com a panóplia crescente de acessórios o pessoa parece ter ficado "embedado" de tecnologia e esqueceu-se a perícia da pilotagem para dar lugar à alquimia da preparação.

    Tenho dito...

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  5. Boas

    Conheço um certo SCX que partiu o berço a tirar o motor...

    Ao fim de pouco tempo de uso.

    E chassis com 10 anos ainda não eram Made In China.

    E o material de origem era o que tu e eu usávamos há 10 anos, não o que outros usavam.

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  6. Se tentares tirar um motor a martelo com certeza que parte (penso estares a falar do meu Stratos... :(((( )

    Produção (Ralis, Turismo, F1 escolhe uma) SCX: Retirar Iman, rectificar pneus (coisa que ainda hoje me dia é necessário), tirar rebarbas, rodar motor, eventualmente acertar o ataque do pinhão à cremalheira com X Acto ou isqueiro, retirar parafusos a mais, desactivar luzes, regular basculação a gosto/possibilidade. Opção: lastro (não que me agrade)

    Onde gastei dinheiro? E a variedade de modelos ao dispôr para ene categorias?

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  7. Boas

    Fórmula 1 nem vale a pena falar, porque o carro de origem nem uma curva faz, ao fim de um par de provas, com sorte temos as rodas da frente a sair a todo o momento.

    Quanto à variedade, os últimos campeonatos realizados com SCX demonstraram que o lote de carros potencialmente vencedores é claramente reduzido, não obstante a variedade de carros disponíveis.

    Por outro lado, se comprarmos um Slot.it, podemos correr sem gastar dinheiro (convém não esquecer que, se excluirmos a liquidação destocks antigos os preços dos SCX começam nos 42 euros) e metade das operações enumeradas não são necessárias.

    Boas corridas

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  8. Correr barato é possível com quase todo o tipo de modelos.

    Os SCX têm a agravante da sua concepção não permitir grande evolução, gaste-se ou não dinheiro.

    Não é por acaso, que sendo permitido que entrem, nomeadamente nos ralis, numa panóplia de categorias, não sejam opção para os slotistas.

    Os SCX têm muito pouco espaço competitivo no slot, por culpa da própria marca, que enveredou por outros caminhos, nomeadamente o do brinquedo, do mete na pista e anda até partir, e assim foi obrigada a opções que lhe ceifaram a vertente competitiva, assim como as obrigações legais para a comercialização enquanto brinquedos para maiores de 3 anos, nomeadamente:
    - O motor enclausurado dentro do chassis, de modo a que os dedos infantis não corram o risco de tocar peças móveis
    - O sistema de patilhão, que se destina exclusivamente a facilitar as trocas e encaixe rápidos nas corridas caseiras, além de ser uma excelente manobra de vendas da marca, porque quem desconhece o meio da competição e tem uma pista em casa, em vez de trocar as palhetas, compra patilhões novos, quando os dos carros estão em perfeito estado, apenas precisando de 5 cm de palhetas, resulta na quase incapacidade de trabalhar os patilhões e estarmos sujeitos a que as chapas de cobre não aguentem os rigores da competição.

    Dei apenas dois exemplos (talvez os dois maiores) dos motivos porque os SCX não são apreciados por muitos slotistas e, nenhuma das soluções tomadas pela SCX em ambos os casos, resulta de qualquer economia para o utilizador.

    Dou outro exemplo da maneira de estar da SCX no slot:
    - Estava prevista há cerca de 3 anos a adopção do motor RX-42E (com as mesmas características do descontinuado Pro Speed, um excelente motor) para os GT e LMP da marca. Tal decisão foi revertida porque, depois de lançado no Porsche 997 do Club SCX, se chegou à conclusão que, quando aplicados chips de digitalização associados a este motor, estes queimavam em pouco tempo.

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  9. Bem, que a discussão aqui vai animada!

    Concordo e discordo com alguns aspectos dos SCX:

    - Como diz o Pedro, o sistema de patilhão deles é único no slot e a meu ver, funciona mal para a competição em slot 1:32. Se ainda fosse possível adoptar outros patilhoes como Ninco, Slot.It, etc., talvez fossem competitivos. Podemos sempre relembrar os casos dos antigos Exin/SCX que dispunham de patilhoes ditos "convencionais" e que com a devida actualização mecânica poderiam dar maquininhas giras. Ou melhor ainda, lembrar a série SCX Pro, como por exemplo o Audi R8 Pro, que é uma bela base de trabalho;

    - Em defesa da SCX, as carroçarias deles são ainda muito procuradas para montar chassis HRS, de facto, é um bom casamento. Penso que em Rally também há adaptações engraçadas para carroçarias SCX, dos lados dos "nuestros hermanos";


    Apesar de tudo isso, a afinação de um SCX, tendo as suas tricas e manhas, pode produzir coisas diferentes, como um campeonato de Turismos SCX com motores SCX... mas são carros um pouco ingratos de conduzir, têm limites de condução muito apertados e que os colocam ao nível de maquinas de "Grupo 2". Penso que não é essa a ideia que se pretende de um Turismo moderno. Quanto aos Rallies, se tivermos em conta o rápido declínio do Citroen Xsara Pro na modalidade, penso que estamos conversados.

    Em termos de preço, já lá vão os tempos em que havia SCX na gama 35-40 €. Agora estão a par dos Ninco, cuja marca continua a colocar a filosofia "brinquedo" nos modelos, mas que facilmente se adaptam ao que pretendemos na competição 1:32. Falando em afinação, este tema é dúbio, pois o custo de preparação de um modelo depende tanto das peças que o regulamento permite, como do preço do modelo base. É complicado ir por aí...


    E aí estão os meus 2 cêntimos... Um abraço,

    Hugo

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  10. Estamos aqui a discutir SCX mas o Hugo "tocou" e muito bem aqui num outro ponto que vai a meu ver no bom sentido da questão.

    A Ninco lançou a sua série Ninco1 exactamente para perspectivar os iniciantes. E tanto quanto sei (e não sei grande coisa) são modelos até bem conseguidos do ponto de vista estético e dinâmico... na perspectiva do iniciante claro.

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  11. Hum?!?!?!?!?

    Os Ninco 1 bem conseguidos do ponto de vista dinâmico? Estamos a falar dos mesmos carros?

    Os Ninco 1 vêm equipados com motor de caixa FK-130, cuja oferta no mercado, de alternativas, é muito escassa, além de que, o motor instalado, além de andar pouco (o que não será grande problema para os principiantes) não trava praticamente nada, o que, aí já constitui um problema para os iniciantes.

    A mudança de motor, além de implicar o investimento noutro motor, tem o inconveniente de o veio "standard" dos motores à venda em separado ser mais curto, não servindo de batente à cremalheira, o que obrigará ao uso de uma par de batentes para limitar o eixo traseiro.

    E as contas aí já ultrapassam o custo de um carro "standard" de um Slot It por exemplo

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